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31 de março de 2015

Quantos milhões irão às ruas no dia 12?

  • O Palácio do Planalto vai ficar tonto no próximo dia 12. Se mais de 2 milhões de pessoas participaram das manifestações do último dia 15, há uma previsão de que muito mais gente vai sair de casa nas próximas;
  • Acontece que está havendo uma espécie de competição entre cidades, com desafios nas redes sociais. Tem gente garantindo que sua cidade vai ter mais gente na rua do que a outra. Com isso, os responsáveis pela mobilização estão atuando de modo mais efetivo e dizem que muita gente que ficou em casa no dia 15 se comprometeu em participar, levando sua família para as ruas;
  • Existem também cidades que não participaram das manifestações e que já têm milhares de pessoas garantindo que no dia 12 vão se vestir de verde e amarelo para reclamar contra o Governo e contra os políticos em geral;
  • Tem gente estimando que poderão sair às ruas até 5 milhões de pessoas. E não adianta o DataFolha procurar reduzir esse número à décima parte, como da outra vez, porque as imagens das TVs serão bastante claras;
  • E é aconselhável que os organizadores das manifestações 'vermelhas' cuidem de arregimentar gente, porque existe uma outra competição entre eles e os 'verdes e amarelos'. Haja sanduíches, sucos, transporte e 'cachê' de 30 reais para poderem ter número razoável.

30 de março de 2015

"Afinal, quem sou eu?"

  • Com esse título, a seção de cartas dos leitores de um jornal de hoje destaca a do leitor Renato Murad, de Santana do Paranaíba (SP). Convém que seja lida, porque é um retrato fiel de algo que ocorre no Brasil:
  • "Não sou negro, homossexual, sem-terra, nem índio. Não recebo e nunca recebi bolsa de qualquer tipo ou cotas facilitadoras. Não faço parte de nenhuma minoria prejudicada por uma sociedade hostil. Não fumo crack, não sou presidiário, nem corrupto, nem corruptor. Não sou funcionário público, jamais trabalhei na Petrobras ou em comissões do governo. Não sou político que recebe salário abusivo para desenvolver pouco trabalho aproveitável. Enfim, não estou envolvido com grupos ou movimentos que exigem atenção diferenciada do governo, que os agracia sempre por razões estritamente políticas, distribuindo dinheiro público. Quem sou eu? Alguém que foi a luta, cursou universidade pública, trabalhou 39 anos sem interrupção contribuindo para a construção do país, formando às próprias custas filhos, buscando honrar os princípios de ética e moral que devem reger os rumos de qualquer família decente. Não creio que mereço o desprezo sistemático demonstrado pela presidente Dilma. Sou só um aposentado a mais que não faz jus nem ao mínimo respeito por parte de nossas autoridades constituídas.";
  • Aí está um desabafo de uma das muitas vítimas da insensibilidade do Governo de Dilma Rousseff, muito mais preocupada em blindar seus aliados flagrados pela Operação Lava-Jato nos casos de propinas com desvio de dinheiro da Petrobras, com suspeitas de utilização em campanhas eleitorais.

O 'Distritão' poderá ser implantado numa reforma política

  • Quando estoura alguma demonstração de impopularidade do seu Governo, seja através de manifestações ou de pesquisas de opinião, a presidente Dilma logo aparece com uma proposta de reforma política, que é sempre a mesma, pela qual, se aprovada, o maior beneficiado seria o PT, pois o projeto traz inovações que há algum tempo são reivindicadas por vários segmentos do partido e de seus aliados;
  • Como as relações entre o PT e o seu maior aliado estão altamente abaladas, o PMDB resolveu, através do comando do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tomar a iniciativa de levar adiante a uma reforma bem diferente da que deseja o PT. Uma das principais reivindicações, o financiamento público das campanhas não é cogitado. Ao contrário, é rejeitado;
  • Sabemos que a reforma política, venha de qual lado vier, não é para beneficiar o eleitor. É para atender aos interesses pessoais de alguns líderes partidários. No entanto, está havendo alguma coisa que, se aprovada, vai ser interessante para o eleitor. Com o apoio do PMDB e de partidos da oposição, há grandes possibilidades de ser aprovado o 'Distritão', ou seja, as eleições para deputados federais e estaduais e vereadores passariam a ser majoritárias;
  • Implantado o 'Distritão', somente os mais votados seriam eleitos. O Rio de Janeiro, por exemplo, tem 46 deputados federais. Hoje, alguns exercem mandato apesar de terem obtido votação inferior a candidatos mais bem votados. O primeiro suplente da bancada fluminense seria o 47° colocado, independentemente de que partido seja;
  • Vamos torcer para que não vejamos mais candidatos como Enéias Carneiro e Tiririca 'elegendo' gente sem votos. Seria o fim do famigerado Quociente Eleitoral. Afinal, ninguém hoje em dia vota em partidos, mas sim em candidatos. Quem tiver votos, se elege, se não tiver, que tente novamente.

Vocês vão arder no inferno!

  • Parece que o Estado do Rio de Janeiro está definitivamente falido. O Governo não está levando a sério a vida das pessoas. Saiu agora a notícia de um medicamento que deve ser aplicado diariamente numa jovem e que o Estado é obrigado a fornecer por ordem judicial e que não é entregue há um ano e meio. Questionada pelo pai da jovem, a Secretaria de Saúde informa que a entrega do medicamento será regularizada dentro de dois meses;
  • A falta do medicamento diário compromete o aparelho digestivo provocando sua deterioração, podendo levar o paciente a óbito;
  • Estão brincando com vidas humanas. No ano passado, 12 pessoas morreram no RJ pelo mesmo motivo. Deus vai castigá-los, Pezão & Cia.

Pode acreditar. O PMDB está querendo reduzir ministérios!

  • Muita gente no Brasil - e fazemos parte desse grupo - está procurando aquela agência de viagens que está vendendo pacote para viagem à Lua (ou seria para Marte?). É que o país parece ter 'endoidecido' de vez. O que tem acontecido principalmente no meio político está deixando todo mundo estarrecido;
  • Acredite quem quiser, mas os peemedebistas Renan Calheiros e Eduardo Cunha, principais figuras de um partido que é reconhecidamente fisiologista, estão cobrando da presidente Dilma a redução do número de ministérios, alegando que 39 é uma quantidade exagerada e que é preciso que o Governo reduza seus gastos com a máquina pública;
  • É isso mesmo que o leitor viu. É como se 'a minhoca estivesse correndo atrás da galinha' ou 'o poste fazendo xixi no cachorro'. Onde está a lógica disso? Se o PMDB é famoso por há várias legislaturas não lançar candidato à Presidência da República, mas estar sempre no poder, tudo em nome da 'governabilidade', por quê estaria abrindo mão de uma enorme quantidade de cargos para pleitear?;
  • Ficamos aguardando informações, tanto sobre a tal agência de viagens espaciais como a respeito do que se esconde por trás dessa estranha reivindicação dos dois líderes do PMDB. Embaixo desse angu deve ter algum tipo de caroço.

O Brasil tem um falso regime presidencialista.

  • Dizem que a jaboticaba é uma fruta que só existe no Brasil. Também consta que o Canário da Terra é um passarinho exclusivamente nacional. Mas temos outras 'exclusividades'. Por exemplo, somente aqui é que alguém exercendo elevado cargo público e sendo investigado por participação no que é considerado como o maior escândalo de corrupção do país permanece na função. Na maioria dos países, o sujeito entrega o cargo ou, no mínimo, se afasta dele durante a tramitação do processo;
  • Os grandes exemplos disso são Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, e Renan Calheiros, presidente do Senado Federal, dois homens que têm a, nessa ordem, a prerrogativa de assumir a Presidência da República em caso de vacância simultânea dos cargos de Presidente e Vice-Presidente. Ambos são investigados com base na Operação Lava-Jato e continuam nos seus postos;
  • E tem mais. Eduardo Cunha e Renan Calheiros estão aparentemente com força política além do normal. Dão palpites nas ações do Governo, e até exigem e conseguem trocar ministros. Num regime presidencial eles conseguem ser uma espécie de 'primeiro' e 'segundo' ministros. Eles governam e dão ordens à presidente Dilma. É uma prova contundente de que o Brasil está em regime de 'barata voa'.

A crise tem dois responsáveis diretos: Lula e Dilma Rousseff

  • Está ficando cada vez mais difícil aturar o autêntico turbilhão de revelações sobre falcatruas praticadas por 'operadores' de propinas da Petrobras destinadas a partidos que apoiam o Governo, transformadas em doações de campanha. Apesar das claras evidências detectadas pela Operação Lava-Jato, todos os acusados e já indiciados negam, como é normal aos criminosos até que sejam condenados;
  • Se formos olhar com mais atenção, veremos que toda a crise tem uma causa e também seus responsáveis. Quem indicou os diretores e os conselheiros da estatal que no mínimo ficaram omissos enquanto os desvios de dinheiro público aconteciam? O principal responsável é, sem dúvida, o ex-presidente Lula. É impossível crer que ele de nada soubesse sobre o quê acontecia na maior empresa do país;
  • Não dá também para isentar a presidente Dilma Rousseff, na época ministra de Minas e Energia, chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Tanto ela quanto Lula com certeza cometeram crime de responsabilidade pelo prejuízo dado não só à estatal como também ao país. Se Dilma vai responder agora ou quando sair da presidência é outro assunto;
  • E o pior é que a conta está sendo cobrada aos contribuintes, que somos nós, em especial com os aumentos nas tarifas de combustível e de energia elétrica. Tais aumentos provocam um 'efeito dominó' na economia com reflexos principalmente no bolso das classes de menor poder aquisitivo. É só ir ao supermercado;
  • Depois ficam fazendo 'cara de paisagem' buscando explicações para entender por quê milhões de pessoas foram às ruas para protestar contra o Governo e por qual razão a popularidade de Dilma cresce igual a rabo de cavalo, sempre para baixo a cada pesquisa semanal. Enfim, sabemos de quem cobrar por tudo isso. É o que veremos nas manifestações do dia 12 de abril.

24 de março de 2015

Novo depoimento de Barusco provoca muita insônia no PT

  • Talvez seja melhor que Pedro Barusco tenha muito cuidado com sua vida, mesmo estando atrás das grades. É bom que ele não esqueça o que já aconteceu com Celso Daniel, por exemplo. Ele deixou nas mãos do Ministério Público uma quantidade enorme de documentos com indicação de dias, horários e locais de entrega de propinas ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que era o intermediário do partido para receber essa 'colaboração' que seria 'lavada' como doação legal para a campanha da então candidata Dilma Rousseff;
  • Em razão desses dados, o juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia e decretou a prisão de João Vaccari, que se juntou a mais 27 indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Com as planilhas de Barusco, poderá ser feito um rastreamento que mostrará o 'caminho do dinheiro' no trajeto Petrobras-operador-Vaccari-PT-campanha de Dilma e aliados;
  • Tudo isso deve estar deixando o Palácio do Planalto em polvorosa. Grande número de integrantes do PT está querendo o afastamento imediato de João Vaccari da Tesouraria do partido para que a agremiação saia do foco da mídia, pressupondo que as notícias sobre a Operação Lava-Jato se concentrem na 'pessoa física' (Vaccari), deixando de lado a 'pessoa jurídica' (PT);
  • Podemos, então, esperar novas emoções para os próximos dias, como vem acontecendo nos últimos doze meses de revelações quase que diariamente nas notícias sobre o 'Petrolão do PT'.

Estão se esquecendo: tráfico de influência também é crime

  • A variedade quase que diária de notícias sobre falcatruas praticadas especialmente na Petrobras, feitas por gente ligada ao Governo, faz com que deixemos de lado outras pessoas que também deveriam ser alvo de investigações por terem cometido outro tipo de crime, porém com a mesma gravidade dos praticados pelos 'petroleiros';
  • Pouco se tem falado da famosa Rose, aquela que se auto intitulava como 'namorada de Lula', uma forma de fazer andar com rapidez nos órgãos do Governo os pleitos que interessavam a pessoas de suas relações, aproveitando-se da intimidade que tinha com o então presidente. O nome disso é tráfico de influência;
  • É inadmissível que um ex-presidente da República, no caso Lula, atue como lobista de empresas construtoras e vá fazer 'palestras' em vários países (para onde viaja em aviões dessas empresas, que também financiam sua hospedagem em hotéis de alto luxo) e ofereça aos governos seus 'patrocinadores' para a realização de obras;
  • Se o mandatário alegar dificuldades financeiras, Lula garante que no caso da contratação da empresa o BNDES empresta o dinheiro necessário, a juros baixos e por longo prazo. Entra aí, com bastante força, o tráfico de influência. Isso foi amplamente praticado por Lula logo após sair do Governo. Vê-se, então, o quanto o ex-presidente é blindado;
  • O Código Penal enquadra com clareza o crime de tráfico de influência. Está lá no Art. 332: "Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função". O mesmo artigo prevê pena de reclusão de 2 a 5 anos e multa;
  • Fica aqui a indagação: por que os casos de tráfico de influência praticados por Lula não são investigados? Sugerimos ao juiz Sérgio Moro que monte outra força-tarefa e investigue Lula, aproveitando para investigar também as 'consultorias' do ex-ministro José Dirceu, que também resultaram na contratação de empresas brasileiras para obras de altos valores, também com financiamento do BNDES.

23 de março de 2015

Dilma parece que quer ver o 'circo' pegando fogo

  • No momento em que há contestações até na Justiça em relação ao 'Exército Vermelho' do MST, João Pedro Stédile, convocado por Lula para atacar quem tiver a ousadia de criar problemas para a presidente Dilma, eis que a chefe do Executivo resolve dar prestígio não só aos sem-terra, mas principalmente ao 'general' da milícia do Governo, que chegou a um evento num assentamento em carro oficial;
  • Para quem está cheia de crises com o Congresso Nacional, com os problemas ligados à economia e, em especial, com a própria população, o que é comprovado com a aprovação de apenas 13% ao seu modo de governar, e com 62% desaprovando. E não fiicou só nisso. Ela teve ao seu lado ninguém menos que Stédile, que chegou ao ponto de dar sugestões sobre como governar o Brasil;
  • É melhor que Dilma não desafie o bom senso. É o que ela está fazendo, e que pode ser interpretado como provocação e deboche. Lembramos que tramita no Ministério Público Federal (MPF) ação responsabilizando Lula e Stédile por incitamento à violência e à ordem pública com essa história de 'Exército Vermelho';
  • Para quem está sem prestígio e com outra manifestação marcada para o dia 12 de abril, é aconselhável que ela mude de comportamento.

20 de março de 2015

Tudo é possível. Cid Gomes é um novo nome para a sucessão

  • O nosso Brasil está realmente de pernas pro ar. Parece que 'endoideceu' de vez. Desde junho de 2013, o povo tem reclamado, com mais ou menos veemência, contra os políticos de um modo geral. O elevado número de votos nulos e brancos nas últimas eleições presidenciais serviu para se observar como o povo não está mais tolerando a forma como os políticos estão se comportando. As manifestações de domingo passado, majoritariamente apartidárias, serviram para confirmar esse ponto de vista;
  • Esta semana, o episódio protagonizado pelo então ministro Cid Gomes, da Educação, passado seu impacto por ter sido inédito, faz com que o mesmo seja visto por uma ótica até agora inimaginável. Cid Gomes pode ser considerado como um potencial candidato a presidente da República em 2018. Ele se comportou como um autêntico representante daqueles que estão contra os atuais ocupantes de cargos no Executivo e no Legislativo;
  • O ex-ministro passou a ter seu nome alinhado ao do ex-ministro do Supremo, Joaquim Barbosa, e ao de Marina Silva como 'novidades' para um processo de mudança. Também é lembrado o nome de Cristóvão Buarque. Convém destacar que Cid Gomes, apesar de vários episódios que foram alvos de duras críticas, não tem, assim como os demais citados, históricos de falcatruas ou corrupção;
  • Já tivemos no passado dois presidentes que foram eleitos por causa das mensagens que proclamavam e que iam ao encontro das aspirações da maioria dos eleitores. Foram os casos de Jânio Quadros, que tinha a vassoura como símbolo, "para varrer a corrupção", Fernando Collor, o "Caçador de Marajás". Com certeza, tudo foi planejado para trazer o nome de Cid Gomes para o contexto da sucessão.


Dilma garante que no Brasil não haverá mais corrupção

  • O assunto político do momento é, sem dúvida, o episódio ocorrido no plenário da Câmara dos Deputados envolvendo o agora ex-ministro da Educação Cid Gomes. Ocorre que há muito paradoxo nisso tudo. Ele falou uma verdade, todos nós sabemos, mas um ministro não pode se referir aos membros e ao presidente de uma das Casas Legislativas daquela forma. O presidente não tinha outra forma de agir, e o repreendeu e cassou-lhe a palavra. O então ministro deu mais armas para 400 deputados achacarem o Executivo;
  • Há um outro fato que não pode ser deixado de lado. Vamos relembrar a manchete de um jornal que em 2005 dizia: "Lula lança pacote anticorrupção". Havia estourado o escândalo do 'Mensalão do PT'. Outra manchete, agora em 2015, diz: "Governo lança pacote de combate à corrupção". Não é para rir. Isso é sério. Trata-se do mesmo pacote, dez anos depois. Mas tem mais uma manchete que talvez possa ser motivo de riso. Num site de notícias lemos: "Senador Collor discute projeto anticorrupção no Palácio do Planalto";
  • Nas redes sociais alguém comparou o lançamento do pacote de agora com a famosa Suzanne Richtofen chorando no velório de seus pais. Outros disseram que os brasileiros podem dormir tranquilos com o 'pacote anticorrupção'. As leis agora serão cumpridas à risca. A partir de agora, não há mais crise, emprego é o que não falta. No lugar da inflação, teremos deflação. E não mais iremos reclamar de falta de segurança e de hospitais;
  • Por favor, podem parar de rir. Estamos vivendo um novo tempo. O Brasil, a partir de agora, é um outro país, livre dos corruptos. A Petrobras não será mais roubada.

Quem é mesmo responsável pelo 'Petrolão do PT'?

  • Na seção de cartas dos leitores da edição do último dia 18 de 'O Globo' há uma bastante esclarecedora de Margarida Maria L. de Andrade", do Rio de Janeiro:
  • É inacreditável que, num país onde proliferam escritórios de advocacia, incluindo os especializados em Direito Societário, ninguém tenha se manifestado em relação à responsabilidade da presidente Dilma, na qualidade de representante do acionista controlador (no caso, a União Federal) pelos desmandos na Petrobras. A Lei das Sociedades Anônimas (6.404/76) é muito clara ao dispor no art. 117 que "o acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder", e destaca, dentre vários tipos de abuso, "aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, por favorecimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber procedente, ou que justifique fundada suspeita de irregularidade".
  • Diante de tudo que já está comprovado pela Operação Lava-Jato, será que existe alguma dúvida sobre quem é responsável por todas as falcatruas que deram origem ao 'Petrolão do PT'?

Quer dizer, então, que Dilma garantiu o direito a manifestações?

  • "Muitos da minha geração deram a vida para que o povo pudesse, enfim, ir às ruas para se expressar. Eu, particularmente, participei do processo de resistência à ditadura". Isso foi dito pela presidente Dilma Rousseff com certeza para tentar consertar os efeitos negativos dos pronunciamentos de dois ministros domingo passado em nome do Governo, comentando as manifestações que levaram pelo menos 2 milhões de pessoas às ruas em várias cidades do país;
  • As palavras da presidente podem ter agradado a quem não sabe qual foi a participação dela na 'resistência à ditadura'. A luta dela não foi contra a ditadura militar, mas sim com o objetivo de vê-los fora do poder para que seus líderes pudessem implantar no Brasil um outro tipo de ditadura, transformando o país numa República socialista. Para tentar alcançar seus objetivos, não faltaram atentados, explosões, assaltos, sequestros e outros atos violentos. Em razão disso, ela acabou presa e torturada;
  • Mas ainda tem gente do Governo falando besteira. Um dos seus porta-vozes, ministro Miguel Rosseto, não deixou passar a oportunidade de dizer mais uma. Ele disse que os manifestantes de domingo eram eleitores de Aécio Neves. Epa! Comparando-se os tamanhos das manifestações de sexta-feira com as de domingo, o resultado da última eleição está errado. A proporção entre os eleitores de Dilma e os do tucano são enormes. Na primeira, defendiam a presidente, na outra, o lema principal era "Fora Dilma";
  • A verdade é que domingo tinha nas ruas grande número de pessoas que votaram em Dilma e, se não estão arrependidas, no mínimo estão se sentindo enganadas pelo discurso dela na campanha. Cabe à presidente pedir desculpas pelas mentiras e tomar as medidas que evitem mais sangrias no bolso do povo, de qualquer classe. E mais, que não dê apoio aos 'companheiros' que andaram assaltando os cofres públicos, em especial os da Petrobras.

O 'gigante adormecido' está saindo de sua eterna sonolência

  • As manifestações deste final de semana serviram para mostrar que a expressão "deitado eternamente em berço esplêndido" vai servir apenas para integrar nosso lindo Hino Nacional. Não terá mais analogia com o brasileiro, pela forma como nuncs reclamava do desrespeito dos políticos com ele, como cidadão, vítima de uma das mais altas cargas tributárias do mundo, quase nada recebendo em troca;
  • Quando começaram as articulações para as manifestações deste domingo, o Governo, massacrado pela repercussão da Operação Lava-Jato, passou a se preocupar sobre como minimizar os prováveis prejuízos políticos. Surgiu a idéia das manifestações de sexta-feira passada. Foi como um tiro no pé. A comparação entre os dois eventos foi inevitável. Perderam de goleada, como naquele famigerado Alemanha 7 x Brasil 1, na Copa do Mundo;
  • De todas as cenas mostradas no dia de hoje, mais que a de uma multidão superior a 1 milhão de manifestantes, a mais emblemática é a que mostra a praia de Copacabana praticamente vazia de banhistas, porque cerca de 300 mil pessoas optaram por ficar durante horas no asfalto quente para reclamar contra o Governo, que apostara no espírito carioca, muito chegado a praia, sol e futebol;
  • A presidente Dilma, que se declara presidente de 200 milhões de brasileiros, não teve coragem de dar uma resposta imediata ao povo, mandando dois ministros falar em nome dela, que se limitaram a repetir chavões do tempo da campanha eleitoral. Outro grande ausente foi aquele que se arvora como o brasileiro de maior índice de popularidade, o ex-presidente Lula. Ninguém sabe dele, ninguém viu;
  • O recado foi dado. Uma coisa é certa. Antes de superfaturar para pegar propina, os políticos vão pensar profundamente, porque o povo já avisou que não quer continuar a ser roubado. Os pedidos de impeachment, intervenção militar e o "fora Dilma" foram minoria. A verdade é que o gigante acordou e o Governo terá que mudar de atitude.

Não dá mesmo para se confiar num julgamento isento do 'Petrolão'

"O homem de bem alcança o favor do Senhor, mas ao homem de perversos desígnios, ele o condena" (Provérbios de Salomão 12:2)
  • É ou não muita 'coincidência'? Mal trocou de Turma para julgar o 'Petrolão', o ministro Dias Toffoli foi imediatamente visitar a presidente Dilma, exatamente depois de uma pesquisa mostrar que a aprovação do governo dela despencou para 7%. Sobre o quê os dois conversaram? Dilma deu até entrevista (algo que ela detesta), fazendo questão de frisar que durante uma hora e meia falaram sobre diversos assuntos, menos sobre a Lava-Jato. Talvez tenham falado sobre a dieta que ela fez e emagreceu tanto quanto a popularidade dela;
  • Para aumentar a suspeita sobre essa conversa fora da agenda presidencial, também estiveram presentes na reunião os ministros Aloizio Mercadante e José Eduardo Cardozo (aquele que se reuniu com empresários das empresas envolvidas no 'Petrolão' e disse que não havia nada demais nisso). Se tudo isso for mesmo coincidência, já estou avisando ao 'Coelhinho da Páscoa' que aceito uma caixa de bombom em lugar do tradicional ovo de chocolate;
  • Quanto ao mais, resta-nos esperar que os demais ministros membros da Segunda Turma tenham lido ou dêem uma lida nas palavras do sábio Salomão e que se comportem como verdadeiros homens de bem no julgamento dos 'petroleiros'. Vamos ficar de olho!

O Brasil não quer ver derramamento de sangue entre irmãos

  • Estamos vivendo dias preocupantes com o clima turvo que se formou, em especial após declarações explosivas de líderes políticos que deveriam estar defendendo seus pontos de vista, mas que fazem isso não só atacando quem pensa diferente, mas fazendo ameaças até de agressão física aos oponentes. Ironicamente, ao invés de arrefecer aqueles que articulam manifestações para o dia 15 deste mês, ao contrário, há indícios de crescimento das adesões;
  • "Por que Lula, em lugar de se erguer ao patamar que a história requer, insiste em esbravejar, como fez no final de fevereiro, dizendo que colocará nas ruas as hostes do MST (pior, ele falou nos 'exércitos'...) para defender o que ninguém ataca, a democracia e - incrível - para salvar a Petrobras de uma privatização que tucano algum deseja?". A pergunta está num artigo publicado hoje pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a respeito dessa perigosa troca de ameaças;
  • Ao contrário do que deveria fazer, ficando na posição de estadista, a presidente Dilma também é advertida por FHC: "Por que a presidente Dilma deu-se ao ridículo de fazer declarações atribuindo a mim a culpa do 'Petrolão'? E diz mais, também se dirigindo a Lula: "Não sabem ambos que quem está arruinando a Petrobras (espero que passageiramente) é o PT que, no afã de manter o poder, criou tubulações entre os cofres e sua tesouraria?";
  • Se há tucanos envolvidos em 'malfeitos' tanto no 'Petrolão' como em qualquer outro escândalo do mesmo teor, que sejam devidamente punidos. Uma coisa, no entanto, tem que ser travada o quanto antes, que é a língua desses líderes, pois na índole dos brasileiros não há espaço para o derramamento de sangue entre irmãos. Para isso, o melhor é que Lula e Dilma fiquem de bico calado.