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15 de fevereiro de 2014

Unanimidade na cassação de Donadon demonstra a covardia de deputados

Quando o centro das atenções envolve a morte do cinegrafista Santiago Andrade o destaque fica por conta da ação dos Black Blocs e de Fabio Raposo, Caio Silva de Souza e a já famosa Sininho ─, um fato político de grande relevância aconteceu mas ficou meio ofuscado: a cassação do mandato do deputado-presidiário Natan Donadon. Ficou mais que comprovado o quanto de corporativismo aconteceu na outra votação, em voto secreto, que manteve o esdrúxulo mandato de um 'representante do povo' condenado, entre outras penas, por improbidade administrativa e peculato. Agora, sem a máscara do voto secreto e com a cara à mostra pelo voto aberto, un total de 467 'ilustres' parlamentares cassaram o mandato de Donadon por unanimidade. Há muito para se dizer sobre isso, mas vou considerar como sendo nossas as palavras da colunista Cora Rónai, de 'O Globo', que expressam fielmente o que de fato levou a Câmara dos Deputados a cassar o mandato do deputado-presidiário com tão retumbante votação:

Um plenário de covardes!

"Sou uma brasileira traumatizada -- não há outra palavra -- com o que acontece no Congresso Nacional. Não acredito nas boas intenções de uma casa onde tudo, do salário dos servidores de cafezinho à compra de passagens aéreas, é um tapa na cara da sociedade. 

Não acredito na correção e no patriotismo de congressistas cujo único objetivo é enriquecer e se manter no poder; e os culpo pelo perigo a que nos expõem com este comportamento, que é um permanente convite para que "salvadores da pátria" contem com o apoio da população para acabar com a democracia que conquistamos.
 
O voto aberto é uma pequena réstia de sol que entra neste porão apodrecido e fedorento. Não consigo, porém, saudá-lo com o necessário otimismo, pelo menos em relação aos parlamentares que aí estão. 

Neste momento, ele apenas revela um plenário de covardes, sem coragem de assumir as suas convicções por medo de perder as sinecuras.

O verdadeiro Congresso, a sua verdadeira alma, não é a que condenou agora, sob a luz, um colega presidiário; é a que o absolveu, quando ninguém estava olhando."

Um comentário:

  1. O texto da Cora Rónai, de uma simplicidade incrível e enorme conteúdo, como tudo que ela escreve, deveria ser lido por todos os brasileiros, mas principalmente por aqueles que ainda não sabem a importância que tem o voto CONSCIENTE no futuro e bem estar de uma Nação. O dia que isso acontecer, o Parlamento brasileiro deixará de ser habitado pelos canalhas que hoje lá estão. Valeu, Airton!

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