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5 de novembro de 2013

O Brasil pratica espionagem, mas Dilma fica zangadinha quando o país é espionado

Já dizia o velho ditado: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Aplicando essa premissa, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta terça-feira que o tipo de espionagem praticada pelo Brasil e aquela que, segundo denúncias, é feita pelos Estados Unidos, são “completamente diferentes”. O Brasil monitorou as atividades de diplomatas da Rússia, do Irã e do Iraque em 2003 e 2004, segundo  notícia dada pela "Folha de S. Paulo" nesta segunda-feira, informando que foram dez operações. Diplomatas russos envolvidos com negociações de equipamentos militares foram fotografados e seguidos em suas viagens. A operação batizada de Miúcha monitorou três diplomatas russos, incluindo o ex-cônsul-geral no Rio Anatoly Kashuba. Representantes da Rosoboronexport, a agência russa de exportação de armas, também foram alvo. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) desconfiava de espionagem dos russos no Brasil;

Também foram espionados diplomatas iranianos. A operação Xá monitorou a rotina e os contatos do embaixador do Irã em Cuba, Seyed Davood Mohseni Salehi Monfared, em visita ao Brasil em abril de 2004. A embaixada do Iraque também foi monitorada, na época em que o país foi invadido pelos EUA. Segundo a reportagem, o governo brasileiro constatou que muitos diplomatas buscavam refúgio no Brasil e por isso houve necessidade de segui-los;

Como se recorda, nos últimos meses denúncias publicadas na imprensa brasileira e internacional revelaram que a agência de inteligência norte-americana, a NSA, espionou dados e comunicações de governos de vários países, entre eles o Brasil. As denúncia levaram a presidente Dilma Rousseff a suspender viagem oficial que faria a Washington e a propor na ONU, junto com a Alemanha, um conjunto de regras de privacidade na internet. Apesar de se encontrar com o presidente Barack Obama numa reunião de governantes e ter uma conversa particular com o mandatário norteamericano, a presidente Dilma deu uma de valente, bateu pé e não quis conversa com ele;

Para o ministro da Justiça, a ação praticada pelo Brasil, confirmada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi absolutamente legal. Segundo ele, não houve interceptação não autorizada pelo Judiciário. Cardozo disse ainda que o monitoramento do Brasil se classifica como uma ação de contraespionagem, procedimento que, segundo ele, todos os países fazem e têm de fazer. “O que li foi que houve contraespionagem. Isso é absolutamente legal nas regras. Quando você acha que há espiões atuando no Brasil, você deixa de espionar? Não. Você faz a contraespionagem, para saber se eles estão espionando ou não. Não vejo nenhum abalo. Todos os países fazem e têm que fazer contraespionagem. O que não posso fazer é violar a soberania das pessoas. Contraespionagem não é espionagem. Ao que li, não houve interceptação não autorizada pelo Judiciário, não houve ofensa à lei”, afirmou Eduardo Cardozo;

Então fica combinado assim. Ninguém pode espionar o Brasil, mas nosso país pode espionar os outros países. E isso acontece numa época em que o mundo vive sob vigilância de um autêntico Big Brother, a partir das câmeras individuais com as quais milhões de brasileiros, por exemplo, gravam e fotografam instantaneamente e espalham pela internet o dia a dia de todo mundo. Faz de conta que concordamos com as palavras de Eduardo Cardozo. Mas também podemos rir à vontade.

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