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31 de janeiro de 2013

Duas tragédias acontecem no Brasil: uma, em Santa Maria, e outra, em Brasília

  • O assunto que domina a imprensa hoje, como não poderia deixar de ser, é a tragédia de Santa Maria, com a triste realidade de que ainda poderá aumentar o número de vítimas por causa das sequelas inevitáveis causadas pela inalação da fumaça tóxica provocada na Boate Kiss por conta de variado número de irresponsáveis que permitiram o funcionamento daquela casa noturna. Não há muito o que se comentar, mas não custa nada demonstrar aqui a revolta de cidadãos comuns indignados com tanto descaso por parte das autoridades que deveriam estar sempre alerta quanto aos riscos que poderiam oferecer às pessoas que, em última análise, na condição de contribuinte são os que garantem seus salários. Assim é que transcrevemos algumas cartas publicadas hoje na seção correspondente da edição de 'O Globo';
  • Hugo Accorsi, do Rio de Janeiro, desabafa assim: "Em primeira mão, já sabemos qual a cadeia de responsáveis pela tragédia da cidade gaúcha. Pela ordem crescente de responsabilidade: o rojão que incendiou o teto da boate; o extintor de incêndio, qu não funcionou; o Corpo de Bombeiros da cidade, que deu o laudo permitindo o funcionamento da boate; o secretário da prefeitura que tem o Corpo de Bombeiros sob sua jurisdição; o prefeito, que, como político, não sabia de nada e deve ter sido traído por algum funcionário da prefeitura (deveria ser proibido de dar entrevistas e falar dessa tragédia); e, finalmente, nós, que, como sempre, votamos nesse pessoal";
  • Já o leitor Aridalton Pinto de Oliveira, também do Rio, dá um recado bastante enfático: "A tragédia de Santa Maria deveu-se à 'irrespnsabilidade brasileira'. O prédio era uma armadilha, sem saídas de emergência, exaustores de ar e sistema automático de detetores de chama, e com revestimento acústico de material inflamável. Mas conseguiram alvará de funcionamento! O que aconteceu com os bombeiros, que fazem a avaliação desses prédios? E as outras autoridades e fiscais? Convivemos diariamente com milhares  destas 'bombas-relógio: trens, ônibus e metrôs hiperlotados, onde os passageiros são empurrados para que as portas se fechem. Estamos aguardando que um acidente possa, mais uma vez, mostrar ao mundo o quanto a corrupção e a hipocrisia matam no Brasil. E o pior é depois aturar discursos de políticos irresponsávies. Uma lástima!";
  • Enquanto isso, na área política, outros fatos também causam revolta entre os cidadãos de bem. Na mesma seção de cartas outros leitores tão também seus recados. Paulo André Marques, do Rio, manda seu recado: "É justo que os meios de comunicação despendam seu tempo e espaço com notícias sobre a catástrofe em Santa Maria. Mas estão deixando de lado um outro assunto que afeta diretamente milhões de cidadãos:a eleição para as presidências da Câmara e do Senado, dia 31/1. Henrique Alves, para a Câmara, é fortíssimo candidato a ficha-suja, e Renan, para o Senado, já é.O Brasil político irá ser representado por pessoas que, se viessem a ser julgadas pelo povo, certamente seriam extirpadas de vez da política. Quem, em sã consciência, votaria neles para os cargos pretendidos? É catástrofe anunciada";
  • Outro leitor, Evandro de Souza Santana, também do Rio de Janeiro, faz seu protesto: "Parece que o acontecimento em Santa Maria ajudou a desviar o foco da discussão sobre as eleições no Congresso, pois a imprensa estava divulgando os malfeitos dos candidatos, que são apoiados pelos partidos da base governista e até pela oposição, pois, como farinha do mesmo saco, o que está em jogo ali é uma farta distribuição de cargos e verbas públicas. O que é pior: ambos são fichas-sujas e, em um país sério, não poderiam nem se candidatar aos cargos que já ocupam";
  • As quatro cartas retratam, com absoluta clareza, o que pensam hoje os cidadãos de bem sobre as duas tragédias. Os dois episódios devem ser considerados assim. Em Santa Maria, um grande número de mortes está confirmado e algumas outras ainda poderão acontecer. Em Brasília, deputados e senadores pouco estão preocupados com a vida de milhões de brasileiros, muitos dos quais também poderão morrer, pois os desvios de dinheiro público praticados por muitos deles certamente farão falta em hospitais e postos de saúde, e ainda deixando muitas pessoas nos corredores de hospitais públicos, penando por falta de atendimento adequado. São mesmo duas tragédias que estamos vivendo.

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