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30 de dezembro de 2012

50 previsões que darão errado

Ruth de Aquino
  • Mais uma vez transcrevo algo escrito pela jornalista Ruth de Aquino (na foto), com o título acima, na revista semanal 'Época'. Leiam, pois tem muita verdade:
 
1. Lula dirá que sabia de alguma coisa.

2. Serra ganhará uma eleição. De Mister Simpatia. Fará um implante capilar com o hair stylist de Haddad, Celso Kamura.

3. Lula elogiará a imprensa brasileira e dará entrevista coletiva anunciando que não será mais candidato a nada.

4. Dilma viverá lua de mel com a base aliada, em especial com o PT. Será eleita musa dos sindicatos.

5. O PIB crescerá mais que o anunciado por Mantega.

6. Aécio Neves se recusará a ser candidato tucano à Presidência e passará a organizar concursos de misses.

7. O PSDB revelará, enfim, o projeto alternativo da oposição para o Brasil.

8. Fernando Henrique deixará outra pessoa falar pelo PSDB.

9. Rosemary Noronha procurará o cirurgião plástico de Dirceu e cairá na clandestinidade – mas, antes, mudará os óculos.

10. Dirceu será preso sem regalias. Jogará fora o celular e doará as bermudas chiques para Carlinhos Cachoeira.

11. Cachoeira assumirá as têmporas brancas a pedido da namoradinha do Brasil, Andressa.

12. O jogo do bicho acabará.

13. Nenhum policial achacará bicheiros ou traficantes nem armará autos de resistência em ações de extermínio.

14. Vazarão na internet fotos de Nicole Bahls vestida.

15. A gostosa do BBB não posará nua.

16. Clarice Lispector deixará de ser citada nas redes sociais.

17. Ninguém mais postará fotos de comida no Facebook.

18. Arnaldo Jabor acordará feliz.

19. Chico Buarque e Fernando Morais pedirão mais liberdade e democracia em Cuba.

20. Michel Teló desistirá de fazer música chiclete.

21. Acabarão os comerciais com Ivete Sangalo.

22. Luana Piovani não tuitará o marido surfista e ficará invisível.

23. O orçamento das obras para a Copa e a Olimpíada será revisto para baixo, porque sobrou dinheiro.

24. A CBF será uma confederação acima de qualquer suspeita.

25. Meu Botafogo será campeão brasileiro depois que o time aprender holandês com o Seedorf.

26. A reforma tributária sairá e pagaremos menos impostos.

27. Renan Calheiros fará história na presidência do Senado votando projetos importantes para o país.

Em 2013, Lula dirá que sabia de algo, Serra ganhará uma eleição – e a gostosa do BBB
não posará nua  
28. Sarney & Filha doarão parte de sua imensa fortuna ao “Maranhão-esperança”, projeto ambicioso para reduzir o analfabetis­mo, a prostituição infantil e a miséria do Estado.

29. O Congresso aprovará o fim do 14o e do 15o salários para os parlamentares e proibirá notas frias.

30. Deputados e senadores passarão a trabalhar na segunda e na sexta-feira para votar questões proteladas há 12 anos.

31. Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski concordarão.

32. Serão ressuscitados os rios Tietê e Pinheiros.

33. A Baía de Guanabara será enfim despoluída. Quem chega de carro ao Rio de Janeiro deixará de sentir cheiro de podre.

34. A Rocinha acabará com o esgoto a céu aberto, antes de ga­nhar teleférico turístico e obra póstuma de Niemeyer.

35. Os pobres poderão fazer cirurgias de emergência. Nenhuma criança ou velho morrerá por falta de assistência médica.

36. Desabrigados por tempestades e inundações terminarão o ano reassentados em áreas fora de risco.

37. Os celulares de traficantes presos em São Paulo serão bloquea­dos e eles não poderão mais dar ordens para tocar o terror.

38. Nenhum bueiro explodirá no Rio, e os cariocas finalmente saberão o motivo das explosões.

39. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, impedirá que a especulação imobiliária acabe com os parques e as reservas ambientais.

40. Não haverá arrastões nos restaurantes de São Paulo e nas praias do Rio.

41. Não haverá apagões.

42. Aeroportos funcionarão direito e acabarão com o táxi-bandalha.

43. Passagens aéreas no Brasil ficarão mais acessíveis, e uma competição saudável no setor beneficiará a população.

44. Operadoras de celular deixarão de extorquir os consumidores, e as contas passarão a ser inteligíveis.

45. Bancos reduzirão as taxas dos correntistas, contribuindo assim para a saúde financeira de quem os sustenta.

46. Empresas, privadas ou estatais, respeitarão o tempo máximo de espera ao telefone e deixarão de enlouquecer quem recorre a seus serviços de atendimento.

47. Não receberemos mais nenhuma chamada de telemarke­ting na hora do jantar e no fim de semana.

48. O lixo – coleta e reciclagem – passará a ser encarado com seriedade pelos governos.

49. Famílias brasileiras deixarão de emporcalhar as praias e os parques. Cada um levará seu saquinho de lixo, ensinando às crianças que quem ama cuida.

50. Feriadões deixarão de ser pretexto para exterminar famílias nas estradas, por culpa de direção irresponsável, ultrapassagens imprudentes e álcool.

28 de dezembro de 2012

Dar 'esculacho' em médico faltoso serve para esconder mazelas na Saúde do Rio

  • Não tem nenhuma razão o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, em chamar de 'delinquente' e 'irresponsável' o neurocirurgião que faltou ao plantão no Hospital Salgado Filho e que por falta de um substituto levou uma menina baleada na cabeça a uma espera de oito horas para ser atendida por outro neurocirurgião. Por acaso o prefeito carioca sabe qual foi o motivo pelo qual um médico que nunca faltou ao serviço, ao longo de vários anos, faltou exatamente naquele dia? Por qual razão, então, o achincalhar assim publicamente? Pior ainda é alguém querer processá-lo por omissão de socorro. Se ele não estava no hospital, como pôde deixar de atender a menina? E o médico que a atendeu não era para estar ali antes dessas oito horas? E a direção do hospital, por qual razão não providenciou um substituto logo cedo? Parece haver muita demagogia nas palavras de Eduardo Paes para justificar o péssimo serviço que aquele hospital da Prefeitura oferece aos seus pacientes;
  • Todo mundo sabe que o prefeito do Rio é parceiro do governador Sérgio Cabral, que também andou 'esculachando' servidor público estadual de modo estabanado, tendo que pedir desculpas depois. No caso do neurocirurgião, o que se vê é uma péssima administração da rede municipal de Saúde, com atendimento de baixíssima qualidade, com falta de material, além da remuneração baixa recebida pelos profissionais. As verbas do setor são sempre contingenciadas, enquanto que para shows com artistas estrangeiros caríssimos e para obras destinadas à Copa de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016 o dinheiro sempre está disponível;
  • Disseram que o médico faltoso alegou ter pedido exoneração do cargo na quinta-feira anterior ao triste evento. Se isso ocorreu, ele só deixa de ser servidor público depois da publicação de sua exoneração no Diário Oficial, algo que certamente não aconteceu. Ele teria que continuar trabalhando normalmente até sua efetiva saída do cargo. Se foi assim, é lógico que ocorrerá um inquérito administrativo por causa das consequências que sua falta ao serviço acarretaram, pondo uma vida em risco. Talvez tenha até que dizer alguma coisa no processo que deve acontecer contra a direção do hospital;
  • Se há algo que realmente irrita o cidadão é pagar tantos impostos e sempre estar sabendo que a população não está recebendo em troca os benefícios que deveriam ser direcionados para o contribuinte/eleitor. O que não dá mais é ficar ouvindo declarações como a de Eduardo Paes, sempre destinadas a esconder a ineficiência dos governantes, que tanta coisa prometem para se eleger ou reeleger, e muito menos assistir Sérgio Cabral fazendo beicinho e cara de choro quando lamenta ocorrências que só acontecem exatamente por falta de qualidade nos serviços pelos quais são responsáveis.

27 de dezembro de 2012

Parece mesmo o fim do mundo, mas Renan Calheiros preside de novo o Senado

  • Cândido José de Araújo Viana, o Marquês de Sapucaí, não é um mero homenageado com nome em uma rua do Rio de Janeiro, onde não por acaso está a Passarela do Samba, por onde desfilam as mais famosas escolas de samba do Brasil, no tradicional desfile de domingo e segunda-feira de carnaval, atraindo gente de várias partes do mundo, além de uma audiência enorme pela transmissão ao vivo pela televisão. O Marquês de Sapucaí foi um ilustre senador no tempo do Império, representando Minas Gerais no Senado Federal da 4ª à 15ª legislatura. Foram 'somente' dez mandatos consecutivos. Só por esse nome dá para se ver o quanto aquela Casa Legislativa era importante no contexto político do País. Ainda na área do samba, vemos que a Estação Primeira de Mangueira fica na Rua Visconde de Niterói, que foi outro senador, representante do Rio de Janeiro, da 14ª à 18ª legislatura, ou seja, por cinco mandatos seguidos. Isabel de Bragança e Bourbon também foi senadora da 14ª à 20ª legislatura (sete mandatos), e era simplesmente a Princesa Isabel;
  • Numa fase bem mais próxima de hoje encontramos  nomes como os de Afonso Arinos de Melo Franco (Rio de Janeiro), Etelvino Lins de Albuquerque (Pernambuco), Daniel Krieger (Rio Grande do Sul), Getúlio Vargas (Rio Grande do Sul), Juscelino Kubitschek (Goiás), Otávio Mangabeira (Bahia) e outros tão ilustres como os citados. Mais recentemente, no entanto, temos que lamentar que o gabarito é muito diferente do daqueles tempos. Agora, nós temos Aloízio Mercadante (São Paulo), Blairo Maggi (Mato Grosso), Eduardo Matarazzo (São Paulo), Fernando Collor (Alagoas), Ideli Salvatti (Santa Catarina), Jáder Barbalho (Pará), além de outros nomes do mesmo gabarito ou pior, todos há vários anos sob o comando de José Sarney (Amapá), que se prepara para 'largar o osso' e passar o comando do Senado Federal para nada menos que Renan Calheiros (Alagoas);
  • É isso mesmo. Renan Calheiros está com sua eleição para a presidência do Senado já certa. A votação será mera formalidade. Teremos de volta o protagonista do 'Renangate', episódio que levou o senador alagoano a renunciar ao cargo de presidente daquela Casa depois de ser flagrado em 2007 por ter contas pessoais pagas por empreiteiros de obras públicas e para uma mulher que não era a sua. Com a volta de Renan fica comprovado que o Senado debocha dos eleitores, pois lá continuará reinando o atraso, o fisiologismo. É Renan Calheiros quem vai comandar a pauta de decisões importantes para os brasileiros a serem definidas pelo Senado. Com ele, há grande chances de novos 'malfeitos' surgirem nos próximo anos;
  • Espera-se, no entanto, que os eleitores fiquem mais atentos e exigentes, escolhendo melhor em 2014 seus representantes e, antes disso, cobrando dos atuais um comportamento mais digno, mesmo que dirigidos por Renan Calheiros. Não custa nada lembrar-lhe e aos demais senadores que depois do julgamento do 'Mensalão do PT' está provado que político autor de 'malfeitos' e que praticaram crimes contra a coisa pública estão sendo condenados a prisão. Que Renan e seus comandados fiquem atentos, porque o eleitorado hoje está mudando seus critérios de escolha. Estamos todos de olho neles.



25 de dezembro de 2012

O atraso do trenó

  • Hoje, para marcar o dia de Natal, temos a seguir um excelente artigo publicado no Blog de Míriam Leitão, pois é bastante atual, tratando do dia a dia do Brasil com os nossos políticos. Vale a pena ler:

Já é o dia 25, mas quem sabe o trenó se atrasou. Com a dificuldade de mobilidade urbana — e até aérea — que anda por aí, pode ser que Papai Noel ainda tenha tempo de receber uma cartinha da coluna. Pedidos mil. Lucidez para os políticos em momentos importantes da transição institucional do país encabeça a lista. 

O combate à corrupção precisa ter novos avanços.

O pedido acima é o chamado dois em um: mais lucidez para políticos pode levar à menos corrupção. Se forem lúcidos, descobrirão que o nível a que o problema chegou no país ameaça as instituições. A corrupção teve um duro golpe em 2012, que novos desabem sobre a cabeça desse mal no ano que vem, e no outro, e no outro. Assim, quem sabe um dia... não custa sonhar.

Que as boas intenções do governo deem certo e o índice de erros caia. Um desses objetivos louváveis é a eliminação da extrema pobreza brasileira. Tomara que o país se apresse na busca desse objetivo porque já estamos chegando ao meio da segunda década do milênio.

A educação de qualidade é um presentão, desses que se desdobram em vários outros presentes como se fosse uma matrioska russa. Torna mais garantido o pedido anterior, de redução da miséria, aumenta a força da economia, porque estamos em plena era do conhecimento, fortalece a democracia. Se o velhinho de vermelho garantisse que daria esse regalo ao país, a gente poderia esquecer o resto da lista porque muitos dos pedidos seriam automaticamente atendidos.

Como não há, nem de longe, essa certeza, continuemos aqui sonhando, porque se não for hoje, dia de Natal, quando será o tempo do devaneio?

O pedido inclui também eficientes administradores públicos, principalmente das cidades. Quem vem de trenó tem visão panorâmica e sabe, portanto, que aqui embaixo está uma bagunça horrorosa. O trânsito deu um nó cego no país. Não se vai para a frente nem para trás. Chega-se ao trabalho exausto e com baixa produtividade; chega-se em casa incapaz de aproveitar os momentos em família. Melhor mobilidade urbana elevaria a eficiência profissional, a qualidade de vida, o humor, o amor.

Se fizessem só isso, os administradores públicos já poderiam ser aplaudidos. Ficaria faltando apenas que eles vissem tudo o mais, como a falta de área verde, de planejamento urbano, segurança, tratamento do lixo, saneamento... enfim, essa lista acaba de entrar num atalho ou criar uma sublista que pode ficar interminável. 

Voltemos para o eixo central da missiva.

Caro Papai Noel, que esta e todas as cartas sejam escritas em papel reciclável ou de florestas plantadas. E que o país tenho o juízo de reduzir o número de árvores abatidas em 2013. Este ano foram 232,8 milhões, segundo o cálculo do especialista Paulo Barreto, do Imazon. E isso foi no ano de menor taxa de desmatamento. É bom lembrar que esse número de arboricídio é apenas o da nossa maior floresta, mas elas tombam em todos os biomas brasileiros pelos mais desatinados motivos.

Na economia, uma bondade pode levar a outras. Menos impostos e menos gastos públicos podem levar a mais poupança, que permitirá mais investimentos, que, se forem bem feitos, podem aumentar a eficiência, e tudo com mais emprego e renda. E, claro, mais crescimento do PIB. Nem todo gasto público pode ser cortado, por isso, que a tesoura fique nos desperdícios. Já terá muito trabalho. Que as agências agenciem menos os interesses particulares e regulem melhor os serviços públicos, para que as concessionárias nos irritem menos em 2013.

Um pedido em causa própria, se me derem licença: que os leitores leiam mais jornais em qualquer formato. E livros. O Brasil lê pouco, mas isso tem mudado. Quem sabe a gente vira essa página?

24 de dezembro de 2012

Ano Novo: 2013 promete ser bastante movimentado em Brasília

  • Alguém sugeriu que a presidente Dilma Rousseff deveria convidar o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, para acompanhá-la à reunião de cúpula do G-20, em São Petersburgo, na Rússia, no ano que vem. Isso porque o tema do encontro vai ser o combate à corrupção. É que pela primeira vez em muito tempo o Brasil terá algo positivo para mostrar ao mundo, visto que com mensaleiros condenados, alguns com punições bastante duras, o Brasil se habilitará, naquela reunião a entrar no rol de países sérios. Vai ser um pouco complicado para Dilma explicar no G-20 por qual razão o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), insiste em dar refúgio a condenados à prisão no julgamento do 'Mensalão do PT', como se a Câmara dos Deputados fosse o território de uma embaixada dando asilo a criminosos políticos, algo que positivamente não tem nada a ver com os três integrantes da 'base aliada' que brevemente terão que estar atrás das grades por causa dos assaltos aos cofres públicos cometidos por eles;
  • A sugestão pode até parecer exagerada ou mesmo irônica, mas não de ser interessante, na medida em que a presidente Dilma queira realmente firmar uma imagem própria, desvinculada do ex-presidente Lula, que, apesar de muita blindagem, vem sendo acusado tanto de participação na utilização de dinheiro do 'Mensalão do PT' como de conivência com os 'malfeitos' praticados pela já famosa Rose & Cia. Há quem diga que existe no PT alguma desconfiança sobre o real objetivo dos atos realizados em defesa do ex-presidente Lula, nos últimos dias, uma vez que o desagravo só jogou luz sobre o envolvimento do ex-presidente nas denúncias, embora não tenha sido indiciado pela Polícia Federal (PF);
  • Os petistas também conseguiram demonstrar a fragilidade de Lula, caracterizando que ele não tem apoio de todos os partidos e governadores da base. Os atos de solidariedade não contaram com os líderes do PR, PP, PTB e PDT, e dos governadores, apenas oito estiveram presentes, um deles sendo do PSDB. Acreditam alguns petistas que possa vir mais chumbo grosso contra Lula, ou querem colocá-lo no olho do furacão. Para complicar mais o clima, alguns petistas temem que o desagravo seja vingança de ala do PT por ele ter sido o único a se salvar do julgamento do 'Mensalão do PT';
  • Vê-se, então, que o ano de 2013 promete fortes emoções em Brasília. Depois que o STF voltar a se reunir e o acórdão do julgamento for publicado, paralelamente às ações que venham a ser praticadas tanto pela PF como pela Procuradoria-Geral da República (PGR), veremos grande movimentação no palácio do Planalto, no Senado Federal e na Câmara dos Deputados. Que viver, verá. E seja o que Deus quiser.

22 de dezembro de 2012

Joaquim Barbosa não prende mensaleiros agora e cala Marcos Maia

  • "O deputado Marco Maia não será a autoridade do Poder Legislativo que terá a incumbência de dar cumprimento à decisão do Supremo. O que ele diz hoje não terá nenhuma repercussão no momento adequado de execução das penas". Essas palavras foram ditas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, quando contestava ameaças feitas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Maia (PT-RS), que vinha chamando para si os holofotes da mídia em relação à perda dos mandatos dos três deputados já condenados à prisão no julgamento do 'Mensalão do PT'. O parlamentar petista não parava de dizer bobagens, culminando com a ameaça de conceder 'asilo' os deputados que estavam sob ameaça de serem presos ainda ontem, caso Joaquim de Freitas tivesse concordado com o pedido de prisão imediata de todos os condenados, conforme solicitação do do Procurador-Geral da União, Roberto Gurgel;
  • Joaquim Barbosa já havia dito que a proposição do presidente da Câmara, de acolher condenados pela Justiça no plenário de uma das casas do Legislativo seria uma violação das mais graves. Houve que dissesse que uma desobediência a uma decisão da última instância da Justiça era uma insubordinação passível até de prisão de quem a praticasse. Acontece que Joaquim Barbosa aplicou um golpe de mestre em Marcos Maia ao rejeitar o pedido de prisão imediata dos condenados no julgamento do "mensalão do PT', tirando do foco de deputado 'nervosinho' e corporativista, que não vai ter mais condições para espalhar as suas bravatas, pois quando o assunto voltar a ser discutido e resolvido pelo STF, Marcos Maia terá voltado à sua condições de integrante do chamado 'baixo clero';
  • Na decisão proferida nesta sexta-feira, o presidente do Supremo usou como referência uma decisão anterior do próprio tribunal, que em outro caso considerou "incabível" a prisão antes do trânsito em julgado, argumentando que os recursos a serem apresentados pelos réus, embora "eventuais, atípicos e excepcionalíssimos", ainda podem levar a modificações na sentença. Ele justificou ainda que não se pode, “de antemão”, presumir que os réus condenados apresentarão uma série de recursos com o objetivo de protelar a execução das penas. “Há que se destacar que, até agora, não há dados concretos que permitam apontar a necessidade da custódia cautelar dos réus, os quais, aliás, responderam ao processo em liberdade”, dizendo também que, além disso, com a apreensão dos passaportes, já foram tomadas as providências necessárias para evitar que os condenados fujam do país;
  • O mais gratificante em meio a toda polêmica levantada pelo presidente da Câmara, parecendo mais um serviçal do PT, de Lula e do réu José Dirceu será não mais assistir o mais novo 'jurista' brasileiro dando palpites e não pareceres sobre a aplicação de dispositivos constitucionais e nem fazendo ameaças ao STF e seus ministros. A decisão de Joaquim Barbosa foi técnica e sensata e certamente em fevereiro, quando o Supremo retomar suas atividades tudo será resolvido, cabendo a Marcos Maia o direito de protestar, mas sem denegrir o status de terceiro nome na linha sucessória da presidência da República, algo que ele comprovou várias vezes não estar preparado para tal missão. Ficamos livres dele procurando fomentar uma crise desnecessária entre dois Poderes da República. Vai ficar calado, para nosso alívio.

21 de dezembro de 2012

'O grande circo místico'

  • Existem pessoas que às vezes dizem ou escrevem algo que nós gostaríamos de ter dito ou escrito. Essas pessoas acabam falando por nós. É quando dizemos aquela frase bem antiga e que ainda hoje muitas vezes se repete: "Tirou a palavra aqui da minha boca". Esse é o caso do artigo com o título acima, de autoria do jornalista Nelson Motta, publicado nas edições de hoje de 'O Globo' e do 'O Estado de São Paulo', que a seguir reproduzimos na íntegra, por tratar de assunto bastante atual:

No Brasil, golpistas tentam derrubar ex-presidente. A piada é boa, mas a coisa está feia.

O ministro Gilberto Carvalho já avisou que o bicho vai pegar e Zé Dirceu quer a militância nas ruas para defender Lula e o PT. De Paris, Lula já rosnou que vai voltar a percorrer o Brasil com suas Caravanas da Cidadania, como fez nos anos 90, para falar direto com o povo sobre o país maravilhoso que construiu e a herança maldita que recebeu, para satanizar as elites, a direita, a mídia e a Justiça. Ou para desmentir que protegeu Rose Noronha e os irmãos Vieira?

Qual será a motivação da caravana, seu apelo ao público, seus slogans e palavras de ordem? Com alguma ironia, talvez possa se chamar Caravana da Verdade, e sirva para dizer que são mentiras todas as acusações. O mais difícil é imaginar multidões lotando as praças, sem um show de graça de um artista popular ou sorteio de um carro, só para ver Lula falar bem dele mesmo e mal de seus adversários.

Lula ama o palanque, é seu hábitat natural, seu altar, onde se sente melhor do que nos gabinetes, nos palácios ou nos parlamentos, porque só tem que falar, esbravejar e gritar - o que ele mais sabe e mais gosta de fazer. Para um ser mitológico metade homem, metade palanque, diante da multidão amestrada, não há compromisso com a lógica e a verdade, todas as bravatas são bem-vindas, todas as demagogias são aplaudidas, sem responsabilidades nem consequências.

Sem estar em campanha por algum cargo, ou causa, a não ser ele mesmo, Lula vai precisar da "mídia golpista" para dar dimensão nacional à sua luta contra… a "mídia golpista". Porque se depender só da TV Brasil e dos blogueiros estatizados, só a militância vai ficar sabendo.

As velhas elites já estão acostumadas a apanhar de Lula, a doar para suas campanhas, e a se dar bem nos seus governos, mas as novas elites sindicais e partidárias não estão preocupadas com as velhas, são progressistas, estão ocupadas com seu próprio progresso.

A direita, como se sabe, ou não existe no Brasil, ou então é tudo que contraria qualquer opinião do Zé Dirceu.

O maior perigo da caravana é virar circo.

20 de dezembro de 2012

Presidente da Câmara dos Deputados precisa 'baixar a bola'

  • Continua o presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Maia (PT-RS), a fazer um grande esforço para continuar aparecendo diariamente na mídia, visto que está em vias de deixar a presidência da Casa e voltar ao ostracismo de onde nunca deveria ter saído. Se já não bastasse a discussão sobre a cassação dos mandatos dos três deputados condenados à prisão, que ele insiste ser prerrogativa da Câmara, buscando provocar uma crise entre dois Poderes da República, quando o certo seria, discordando ou não, acatar a decisão da Justiça, recorrendo em seguida para contestá-la, agora vem a ameaça de, em caso de decretação imediata da prisão de seus colegas, confiná-los na prédio da Câmara, para que não sejam levados para a cadeia. Seria, no mínimo, um ato insano de insubordinação, passível, ele, de ser preso por desacato a autoridade judicial;
  • O mesmo Marcos Maia já causou perplexidade ao afirmar que espera uma mudança de atitude por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) com a entrada em atividade do ministro Teori Zavascki e de um outro que vai ser indicado pela presidente Dilma Rousseff, como se os mesmos não fossem ocupar uma função de magistrado mas sim de 'companheiros' de partido. Esqueceu que isso não deu certo, haja vista as posições dos ministros Joaquim Barbosa e Luiz Fux, ministros 'petistas', mas que não livraram a cara de José Dirceu e outros integrantes do PT e da 'base aliada'. Ele ainda teve o desplante de afirmar que os ministros do STF são favorecidos com os votos deles para chegar ao cargo e que os parlamentares têm poder até para destituí-los, com acontece na Venezuela, onde o presidente Hugo Chávez tem domínio sobre o Congresso de lá, Mas vale uma ressalva: Marcos Maia precisa se lembrar de que todo o processo de participação do Legislativo na escolha de ministros do Supremo é prerrogativa apenas do Senado Federal;
  • Numa entrevista, Joaquim Barbosa foi perguntado sobre declaração atribuída a Marco Maia, sobre a possibilidade de dar abrigo na Câmara aos deputados condenados - João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) -, como forma de eles evitarem a prisão, pois pela lei, a Polícia Federal só poderia entrar numa das casas do Congresso para executar uma ordem de prisão com autorização do Legislativo, o presidente do STF afirmou: "Proposição de uma medida dessa natureza, de acolher condenados pela Justiça no plenário de uma das casas do Legislativo é uma violação das mais graves". Por outro lado o presidente do Supremo também disse, questionado sobre recentes declarações polêmicas do presidente da Câmara, Marco Maia, que não será ele a autoridade do Poder Legislativo que cumprirá a decisão do Supremo. "O deputado Marco Maia não será a autoridade do Poder Legislativo que terá a incumbência de dar cumprimento à decisão do Supremo. O que ele diz hoje não terá nenhuma repercussão no momento adequado de execução das penas";
  • Sobre as declarações de Marcos Maia, que vinculou a nomeação ou cassação de ministros do STF à decisão do Parlamento, Joaquim Barbosa comentou: “Vivemos em democracia em que não há lugar para qualquer tipo de ameaças. Trata-se de desconhecimento puro das instituições políticas brasileiras. Não é o Parlamento quem nomeia ministro do STF. Quem nomeia é o Presidente da República, que ouve o Senado, que sabatina o indicado ao cargo”. Sobre possíveis processos de cassação contra ministros da Corte, Joaquim Barbosa afirmou que o simples fato de o STF cumprir sua função, julgando processos criminais, não abre espaço para isso. E disse: “Há um erro grosseiro de análise das instituições brasileiras”;
  • De qualquer formar, o deputado Marcos Maia sem dúvida tomou um 'chega-pra-lá' do ministro Joaquim Barbosa, cabendo ao parlamentar - ou seria 'pra lamentar'? - diminuir o teor de seus protestos, lembrando-se de que enquanto for presidente da Câmara é o terceiro nome na hierarquia do presidência da República, não ficando bem para ele ficar ameaçando o Poder Judiciário, algo que se concretizado poderá redundar em elevados prejuízos para o presidente da Câmara, em diversos aspectos, tanto políticos como pessoais. Está na hora, portanto, de ele 'baixar a bola'.

19 de dezembro de 2012

Desobedecer decisão do STF não é o melhor caminho para a Câmara

Mais uma de SponHolz que diz tudo
  • O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta terça-feira que, após transitarem em julgado, as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) devem ser cumpridas. O Supremo concluiu segunda-feira o julgamento do 'Mensalão do PT' e decidiu que os deputados condenados - João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) - por causa de seu envolvimento com o esquema deverão perder seus mandatos, cabendo à Câmara dos Deputados apenas formalizar a decisão;
  • O ministro Cardozo afirmou: "As decisões do Supremo Tribunal Federal, desde que transitadas em julgado, diz a Constituição, valem como lei e deverão ser cumpridas, independente da avaliação que as pessoas possam subjetivamente fazer sobre elas". José Eduardo Cardozo momentos antes havia dito que não comentaria decisões do Supremo por respeitar a independência entre os poderes da República. Como se sabe, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), classificou a decisão do STF como "ingerência" no Congresso. Líderes partidários também se manifestaram contra a decisão, que ainda poderá ser revista quando os ministros examinarem recursos dos advogados dos condenados, o que só deverá ocorrer no próximo ano;
  • O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deve pedir ainda nesta semana a prisão imediata dos condenados no processo do 'Mensalão do PT'. Ele afirmou que faz um estudo mais aprofundado da questão. Mas há algo que apavora o PT, que é o fato de a decisão ser do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), isto porque já a partir de amanhã o Supremo estará em recesso.O ministro só viajará em 15 de janeiro para breves férias. "Eu só poderia pedir após a conclusão do julgamento. O julgamento somente se concluiu na segunda-feira e estou ultimando um estudo mais aprofundado da questão e devo estar requerendo isso nos próximos dias. O mais rapidamente possível", explicou Gurgel;
  • Alguns ministros do STF consideram como grave desafio à autoridade do Judiciário as manifestações que os atacam e até ofendem em razão da decisão de condenar mensaleiros do PT, inclusive à prisão. Esses atos podem precipitar a decretação da prisão dos sentenciados ou ao menos mantê-los em prisão domiciliar, até que o plenário decida sobre o tema. A tentativa dos mensaleiros de “melar” o julgamento, revelada pela revista Época, revoltou os ministros do STF. A revista teve acesso a detalhes da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal (PF), que registrou a articulação no PT para interferir no julgamento do mensalão. Aí foi demais e 'o bicho vai pegar', mas deve ser no lado contrário daquele que era pretendido pelos petistas;
  • Hoje, por volta das 20h40, o site de notícias ’G1’ informa que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de prisão imediata para os condenados no processo do ’Mensalão do PT’, segundo informação da presidência do tribunal. A assessoria de imprensa do Supremo disse que o presidente da corte e relator do processo, Joaquim Barbosa, vai analisar o pedido e tomar uma decisão na sexta. Pergunta para o presidente da Câmara responder: Se os deputados vão para o xadrez, como exercerão os mandatos que lhes foram outorgados pelo povo para representá-lo e não para roubá-los, desviando dinheiro oriundo dos impostos pagos pelos cidadãos?

18 de dezembro de 2012

'Pizza' da CPMI do Cachoeira acaba tendo apenas duas páginas

Folhas do relatório do relator da CPMI do Cachoeira servem para rascunho
  • Por 21 votos a 7, integrantes da CPMI do Cachoeira aprovaram hoje o relatório do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF). O relatório proposto por Odair Cunha (PT-MG) foi rejeitado, antes da análise do texto proposto por Pitiman, por 18 votos contra e 16 a favor. O texto do relatório aprovado tem duas páginas e não pede indiciamentos. Solicita apenas que todas as investigações sejam remetidas ao Ministério Público e à Polícia Federal. O relatório de Odair Cunha que foi rejeitado trazia pedido de indiciamento de 29 pessoas e de responsabilização de 12. Entre estes estavam o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o deputado Carlos Lereia (PSDB-GO), o ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), o prefeito de Palmas, Raul Filho, e o presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish. Quanto ao governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), nem pensar;
  • O deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) foi eleito e empossado como novo relator da CPMI do Cachoeira, após os parlamentares rejeitarem o relatório elaborado pelo deputado Odair Cunha. "Penso que a única solução seria encaminharmos todos os trabalhos realizados por esta CPI para o Ministério Público Federal e para a Polícia Federal para que, pelos meios próprios previstos, possam dar prosseguimento às investigações e possam, ao final, com a segurança que os processos como esse requerem, darem o tratamento próprio às investigações como um todo e a cada caso tratado em particular", diz o texto do relatório aprovado. O novo relator sugeriu ainda que o Congresso escolha dois senadores e três deputados para acompanhar em 2013 e em 2014 o andamento das apurações, mas teve que retirar essa proposição do texto diante dos protestos. Com o texto de Pitiman aprovado, a CPI do Cachoeira termina seus trabalhos após oito meses sem ter conseguido aprovar um relatório final;
  • De acordo com a assessoria jurídica da CPMI, no caso dos pedidos de indiciamento, o Ministério Público Federal (MPF) terá que analisar se haverá inquérito ou ação penal. O pedido de responsabilização é feito para que o detentor de cargo público responda por crime de responsabilidade, com possibilidade de perda do cargo e dos direitos políticos. No caso do governador, quem decide se abre o processo é a Assembleia Legislativa; nos de deputado federal ou senador, a Câmara e o Senado; no de prefeito, a Câmara Municipal; e no de procurador, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)
  • Mas o que fica marcado nessa história são algumas declarações de integrantes da CPMI..“O requerimento que já aprovamos envia ao Ministério Público Federal tudo que já apuramos [...] Vou me negar a votar algo que é tão pouco. Não podemos ver uma CPI reduzida a duas folhas. Isso é algo ridículo”, disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Já o deputado Silvio Costa (PTB-PE), também criticou o voto em separado do deputado Pitiman dizendo: “Você produziu uma pizza, com t de trapalhada. Com todo o respeito à inteligência das pessoas. Não dá para transformar esta CPI numa papagaiada destas”. E finalmente, eis que que disse o deputado Rubens Bueno (PR): "Em plena festa natalina, este relatório é uma presepada”.

17 de dezembro de 2012

Defesa de Lula é forte, mas ele precisa se explicar

  • "Vamos nos preparar para, assim que passarem as festas, a gente ir para as ruas", disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto 'Top-Top' Carvalho, em vídeo divulgado ontem no site do PT, convocando a militância petista a ir às ruas após as festas de fim de ano para defender o partido e o ex-presidente Lula. Tudo isso por conta do teor de depoimento divulgado na semana passada, que o 'empresário da contravenção' Marcos Valério, operador do 'Mensalão do PT', deu à Procuradoria-Geral da República, afirmando que dinheiro do esquema teria sido usado para pagar despesas pessoais de Lula. Em face da repercussão do assunto, políticos do PT e ministros da presidente Dilma Rousseff se mobilizaram em defesa de Lula. Gilberto Carvalho chegou ao ponto de afirmas que os "ataques sem limites" ao ex-presidente têm como objetivo destruir o PT e o Governo. Para Carvalho, o ano pré-eleitoral de 2013 será 'brabo', dizendo ter certeza de que "o povo vai se mobilizar em defesa de Lula, e do projeto do PT. "O bicho vai pegar", afirmou;
  • “Eu quero desejar um Natal de muita paz, de muita tranquilidade, mas, sobretudo, de muita esperança porque o ano que vem vem aí, vem brabo. Vocês sabem o que está acontecendo neste final de ano, vocês sabem esse ataque sem limites que estão fazendo ao nosso querido presidente Lula e que tem um único objetivo: é destruir nosso projeto, é destruir o nosso PT, é destruir o nosso governo. Portanto, vamos nos preparar para a gente, assim que passarem as festas, ir para a rua”, declarou Gilberto Carvalho, ao fazer a convocação para a mobilização em defesa do ex-presidente Lula. Até a presidente Dilma Rousseff deixou de lado a neutralidade que deveria ter na sua condição de magistrada maior do País saiu em defesa de Lula: "Eu rejeito todas as tentativas, ele não é o primeiro a manchar o imenso respeito que o povo do Brasil tem pelo presidente Lula";
  • Seja como for esse caso, sejam quais forem as conclusões a que chegarem, não deixa de ser inadmissível que Lula não dê esclarecimentos à opinião pública sobre as acusações, que são graves. Ficar dizendo que tudo é mentira, é uma defesa muito frágil. Qualquer garoto levado vai sempre dizer à mãe ou à 'tia' professora que não fez a traquinagem muitas vezes evidente demais. Nessas horas o ditado secular fica bastante atual: 'quem não deve, não teme'. Independentemente de 'blindagens' na Câmara e no Senado, caberia a Lula vir a público e dizer qual é a versão verdadeira sobre tudo isso. Da mesma forma, cabe à Procuradoria-Geral da União (PGR) apurar e dar o andamento necessário às apurações. Enquanto isso, todos temos o direito de suspeitar que 'existe algum caroço debaixo desse angu'.

14 de dezembro de 2012

Dilma 'morde-e-assopra' e faz jogo duplo nos vetos à lei dos royalties

  • Concluímos facilmente que a presidente Dilma Rousseff está se comportando nesse episódio do veto à lei dos royalties como um perfeita 'morde-e assopra'. Vetou a parte que tirava dos estados produtores o que hoje lhes é devido, ficando bem três estados, e sorri para os 24 restantes, lavando as mãos no que diz respeito à possibilidade de rejeição aos seus vetos. Como é por demais sabido, a 'base aliada' do Governo no Senado e na Câmara tem aprovado tudo o que Dilma quer. Quando há qualquer borborinho para a votação de alguma proposição de interesse do Palácio do Planalto, basta a presidente ameaçar não liberar as famosas emendas parlamentares para que todos mudem de posição. Quando, ao contrário, é utilizada a liberação das emendas, a votação favorável ao Governo é quase unânime. Dilma Rousseff não está se utilizando desse expediente, o que demonstra claramente que ela está fazendo um verdadeiro jogo duplo;
  • Com essa história de dizer que não pode mais fazer nada, Dilma 'joga para a arquibancada', iludindo o povo dos estados produtores e ao mesmo tempo deixa por conta da ganância descontrolada dos parlamentares dos demais estados a tarefa de causar enormes prejuízos ao Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo por conta dos deputados e senadores dos 24 estados interessados em obter mais dinheiro em seus cofres, pouco se importando com as garantias constitucionais que certamente serão presenrvadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que já está recebendo ações tentando até anular a votação de um requerimento de urgência urgêntissima, que parece ter sido aprovado quebrando regras estabelecidas no Regimento Interno do Congresso, além de outras que visam a garantia do direito adquirido dos estados prejudicados;
  • Já temos o julgamento do 'Mensalão do PT' caminhando para o seu final. Está para ser resolvido finalmente o problema da cassação dos mandatos dos deputados federais já condenados à prisão. Está a todo vapor o caso da 'namorada' de Lula, Rose, e os integrantes da quadrilha que andou fraudando muitos casos já do conhecimento geral. O Governo menospreza as atribuições do Poder Legislativo e legisla através de Medidas Provisórias (MPs), poder esse que aceita passivamente esse tipo comportamento do Executivo. Está chegando o tempo em que não mais veremos nada sendo votado pela Câmara ou Senado, pois as atribuições das duas Casas serão repassadas pala o Supremo.

13 de dezembro de 2012

"Apenasmente" Cajazeiras

  • Num momento no qual até a presidente da República, Dilma Rousseff, se afasta da condição de magistrada em que deveria sempre se manter e age como qualquer militante partidária, defendendo o ex-presidente Lula das acusações que o aproximam do 'Mensalão do PT', ao ponto de comandar uma blindagem dele tanto na Câmara como no Senado, transformando a 'base aliada' em tropa de choque visando a não aprovação de qualquer requerimento que possa constranger Lula a prestar esclarecimentos sobre as suspeitas que passaram a pairar sobre sua figura idolatrada por muitos, transcrevo, a seguir, artigo de Eugênio Bucci, jornalista e professor da ESPM e da ECA-SP, onde ele compara os 'seguidores' de Lula às famosas irmãs Cajazeiras daquele seriado que tanto sucesso fez na TV Globo nos anos 1970:
Odorico e as irmãs Cajazeiras = Lula e seus 'seguidores'

As irmãs Cajazeiras entraram para a história da telenovela brasileira em 1973, com O Bem-Amado, uma das criações geniais de Dias Gomes. As Cajazeiras eram três solteironas mal-amadas e reprimidas que andavam emboladas, como um ente mitológico de seis pernas e três cabeças, esgueirando-se pelas calçadas estreitas da fictícia Sucupira. As três, Dorotéia (Ida Gomes), Dulcinéia (Dorinha Durval) e Judicéia (Dirce Migliaccio), perambulavam aos fuxicos íntimos, praguejando contra os outros personagens e declarando seu amor ardente, louco e platônico (que depois enveredaria pelas vias de fato) ao “coroné” que mandava na prefeitura, o impagável Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo). Elas bem que remoíam seus ressentimentos contra os desmandos de Odorico – desmandos amorosos, inclusive – mas, fiéis como cachorras, não o criticavam publicamente. Jamais.

Agora, o espírito desgarrado das irmãs Cajazeiras parece querer sair da história da telenovela e ingressar na história do Brasil real. Os adoradores e as adoradoras que circundam a aura de Luiz Inácio Lula da Silva, como guardadores de uma imagem estacionada no meio-fio da política, carregam em silêncio eventuais dores e dissabores. Nunca ousam expressar em público uma letra, uma vírgula de discordância, mesmo que num discreto e mudo repuxar de sobrancelhas. A lealdade irracional e fervorosa desses (e dessas) tomadores (e tomadoras) de conta não cede. Todos e todas, possuídos e possuídas por sua devoção incondicional, numa idolatria que arrebata ateus e crédulos indistintamente, não deixam que se veja em seu ídolo um único lapso de um único desvio. O cenário é francamente grotesco. Blindaram Lula a tal ponto que o ex-presidente começa a lembrar, inadvertidamente, a figura caricata do bem-amado de Dias Gomes. Como um Odorico involuntário, cercado de elegias e apologias tão fanatizantes quanto patéticas, vê-se prisioneiro do culto de si mesmo. Tão refém que não tem o que dizer. Ou: não tem como dizer o que deveria dizer.

De tudo o que vem explodindo em matéria de escândalos que arranham ou evisceram a reputação do PT e do gover­no federal, de mensalão a Rosemary, o que mais chama a atenção e exatamente isso: ninguém, ou quase ninguém, virtualmente ninguém no campo do lulismo esboça uma critica aberta e de boa-fé. No máximo, quando muito, um ou outro considera que seria positivo se o supremo guia se pronunciasse, quem sabe?, mas ninguém parte para o debate franco, destemido, verdadeiro, em público. E como se, aos olhos da nova religião dos idólatras, a opinião publica fosse território inimigo. E como se, fora das hostes do partido, ninguém mais tivesse direito a verdade.

O cajazeirismo vai se impondo como a doença senil do lulismo. Figuras públicas até outro dia respeitáveis por seu espírito livre e por sua inteligência ferina vão se rendendo ao silencio que faz corar os mais ferrenhos adversários. Seria cômico se não fosse melancólico.

O Odorico da ficção errava na ética e na gramática (era dado a expressões como "talqualmente" e "emborasmen­te", além de "apenasmente", evidentemente), mas tudo na maior empáfia, com empolação e galanteios. Demagogo e autoritário (pois servia de sátira contra o regime militar), fazia da pose o critério da verdade e da moral. Quando precisava acobertar suas trapalhadas, tinha ate um assessor de nome Dirceu, o Dirceuzinho Borboleta, borbo­leteante demais para se prestar a qualquer semelhança com personagens dos tempos presentes. Odorico, em dupla com Dirceu Borboleta, encarnava a esculhambação em feitio de realismo fantástico. Bendita escu­lhambação. Desclassificado e vaidoso, demagogo e ignaro, fez muito bem aos telespectadores dos anos 1970: ajudou-os a rir dos opressores.

Agora, a cena e distinta. Não ha mais ditadura militar no pais. Hoje, a assombração de Odorico retorna para zombar não mais de um tirano; mas de um formidável expoente do período democrático, sequestrado pelo culto a personalidade. O Lula real é muito, mas muito superior a adulação alienante que o sufoca. De líder metalúrgico a presidente da Republica, deixou uma obra que, em grande parte, orgulha todos os bra­sileiros. Teria tudo para enfrentar com grandeza as denuncias que dele se aproximam, sobretudo as mais recentes. Em vez disso, prefere se refugiar no mito de si próprio, um mito que, convenhamos, além de precocemente instalado, e oco.

Lula, abduzido pelo cajazeirismo, da sinais de fraqueza. Quanto as irmãs Cajazeiras, que fizeram o Brasil se dobrar de rir, talvez ainda façam o PT chorar.

11 de dezembro de 2012

Hoje e amanhã, o Brasil viverá grandes expectativas políticas

  • Está sobrando assunto na mídia com relação a 'malfeitos' praticados por gente ligada ao Governo Federal para se comentar. Começam com a informação segundo a qual o famoso 'empresário da contravenção' Marcos Valério, operador financeiro do 'Mensalão do PT', afirmou em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República (PGR) em 24 de setembro que dinheiro foi utilizado do esquema, em 2003, para pagar despesas pessoais do então presidente Lula, revelação que aparece em reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal 'O Estado de S. Paulo'. Segundo o jornal, Valério disse que os valores foram depositados na conta da empresa do ex-assessor da Presidência, Freud Godoy, conhecido como o "faz-tudo" de Lula na época e ligado ao escândalo dos 'aloprados'. Marcos Valério declarou ainda que o ex-presidente deu "ok" para o PT tomar empréstimos com os bancos BMG e Rural para pagar deputados da 'base aliada'. O aval teria sido dado em um reunião no Palácio do Planalto, que teve a presença do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares, ambos também condenados pelo STF;
  • Amanhã vai acontecer uma decisão sobre a polêmica da cassação dos mandatos dos deputados da 'base aliada' condenados a prisão no julgamento do "Mensalão do PT', que está acusando um empate de quatro a quatro, faltando o voto do ministro Celso de Mello, que já deu a entender em suas intervenções que votará pela cassação dos mandatos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e não pelo pronunciamento da Câmara, como preconiza seu presidente, Marcos Maia (PT-RS), que afirmou: "Não estamos numa ditadura onde a Constituição não é respeitada. Se o STF cassar os parlamentares, isso será inconstitucional. Quem cassa mandato de deputado é o parlamento. Pode não se cumprir a medida tomada pelo STF. E fazendo com que o processo tramite na Câmara dos Deputados, normalmente, como prevê a Constituição. Isso não é desobedecer ao STF. É obedecer à Constituição. Também a vice-presidente da Câmara, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) deu sua opinião: “A Câmara dá a última palavra, é prerrogativa da Câmara. Quem cassa é o Congresso. É, no mínimo, uma situação bastante incômoda. O Joaquim Barbosa tem declaração dizendo que espera que a Câmara não passe por cima protegendo deputados julgados como inidôneos, como corruptos. Nós nunca dissemos: 'espero que tribunal faça isso, faça aquilo', até porque escrevemos as leis que eles têm que seguir;
  • Seja como for, Marcos Valério aproximou Lula do "Mensalão do PT', começando a jogar por terra a famosa tese do 'eu não sabia de nada', tantas vezes utilizada pelo ex-presidente. Segundo Valério, até ameaça de morte aparece nessa confusão, pois ele deu detalhes de uma suposta ameaça que teria recebido de Paulo Okamotto, ex-integrante do Governo que hoje dirige o Instituto Lula. Ele é aquele que socorreu Lula pagando do próprio bolso uma antiga dívida de Lula, que por sua vez de mandou para a Europa, ficando longe dos focos de notícias que lhe são contrárias e até mesmo perigosas. "Tem gente no PT que acha que a gente devia matar você", teria dito Okamotto a Valério. No entanto, em meio a tudo isso, a presidente Dilma Rousseff se encontrou com Lula ontem em Paris, num almoço e reunião que duraram quase três horas, e certamente não falaram sobre a culinária francesa nem das belezas da Cidade Luz;
  • No que diz respeito à cassação dos três deputados mensaleiros, é de se ressaltar que eles foram eleitos pelo voto popular para servirem ao povo e não para assaltar os cofres públicos. Não há lógica para que continuem 'representando' o povo. Permanecendo nos cargos ainda vão continuar sendo remunerados pelo mesmos cofres, com direito a todas as mordomias conhecidas e abominadas pela sociedade brasileira. Será realmente interessante quando houver sessão prorrogada ouvir de um dos três a seguinte declaração: "Senhor presidente, peço permissão para me retirar, pois está no horário para que eu me apresente na penitenciária, onde tenho que chegar no horário estabelecido". Isso se forem autorizados a sair da cela para 'assinar o ponto' na Câmara. Só mesmo na cabeça de aliados corporativistas pode-se pensar nessa hipótese. Se não, Charles de Gaule será mais uma vez lembrado: "O Brasil não é um país sério".

9 de dezembro de 2012

Publicidade do Governo pode custar dez vezes mais que o evento

  • Dá para se ver que ou a presidente Dilma Rousseff é muito inocente, é mesmo um 'poste' colocado na cadeira principal do Palácio do Planalto, e seus principais auxiliares fazem o que bem entendem e depois tudo é colocado na conta dela, ou, então, ela se finge de morta consentindo e estimulando os 'malfeitos' praticados por esses mesmos auxiliares, sempre debaixo de muita suspeita. Em sua coluna de hoje em 'O Globo', Elio Gaspari informa que apareceu um desses absurdos numa medida tomada pelo Governo Federal com relação à Copa das Confederações de 2013;
  • Houve um acordo com a Fifa para que fossem distribuídos 50 mil ingressos para torcedores jovens e pobres, custando R$ 28,00 cada um. Sendo assim, aqueles 50 mil torcedores somarão R$ 1 milhão e 400 mil de receita para a Fifa. A venda dos ingressos é feita através da Internet e por meio de sorteio, algo meio impossível para aquele tipo de torcedor, daí ter o Governo determinado que os laboratórios de informática das escolas púbicas fiquem disponíveis para os jovens interessados;
  • Até aí, tudo bem. Só que tem sempre alguém no Governo Federal que acha um meio de faturar 'algum din-din'. O Ministério dos Esportes está planejando uma campanha publicitária incentivando os jogos a se cadastrarem e participar da promoção. Mas tem um detalhe que não pode passar em branco e tem que ser denunciado por quem leva a sério a utilização do dinheiro público. A campanha pensada pelo Ministério dos Esportes custaria nada menos que R$ 14 milhões. É isso mesmo! Quatorze milhões de reais! Nesse ministério tem sempre alguém fazendo das suas. Já teve até ministro conterrâneo meu (de Pernambuco) comprando tapioca com cartão corporativo. Elogia-se seu com gosto pela culinária nordestina, porém, assim era demais;
  • Segundo Elio Gaspari, a 'brilhante' ideia do Ministério dos Esporte não tem outro objetivo que não o de fazer propaganda do Governo petista ao custo de dez vezes mais o valor do investimento, isso às custas dos contribuintes que pagam impostos, em sua grande maioria pobres, tudo isso para jogar na mídia como grande benefício prestado aos menos favorecidos e fazendo com que o Governo 'fique bem na foto'. E querem que o povo acredite que ninguém vai ganhar algum 'por fora' nessa famigerada campanha publicitária.