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31 de outubro de 2010

Já é hora do fim do voto obrigatório.

Chegou finalmente o dia da decisão. O povo já está votando para Presidente da República em segundo turno. Todavia, uma aberração está acontecendo. É que dos 135 milhões de eleitores brasileiros, um elevado percentual deles está votando por obrigação e não por estarem no exercício de um "direito constitucional". Mas que "direito" é esse, que é obrigatório? Isso não acontece nos países realmente democráticos. Neles, o voto é voluntário. Vota quem quer. Esse "direito obrigatório" tem que acabar. Isso fica mais evidente com a constatação de que Pelé estava certo quando afirmou que "o brasileiro não sabe votar".  O Rei do Futebol quase foi crucificado por causa disso;

Quanto aos países onde o voto é opcional, o que se observa é que quem quer participar do processo eleitoral a primeira coisa que faz é filiar-se a um partido político com o qual se identifique, cujo programa tenha afinidade com sua ideologia. Então, ele passa a participar da vida partidária, e, por extensão, vota nos candidatos do seu partido. No Brasil, essa coisa de espírito partidário demoraria muitos anos para acontecer, pois muitos deles são apenas siglas de aluguel, tanto de vagas para concorrer nas eleições como para negociar tempo para os partidos maiores utilizarem no horário eleitoral gratuito (?) obrigatório;

Sabemos que será muito difícil nossos parlamentares alterarem uma legislação que lhes interessa que fique como está  Entretanto, cabe a nós iniciarmos uma campanha para que a sociedade de mobilize em busca dessa alteração, nos mesmos moldes do que ocorreu com a Lei da Ficha Limpa. Já é tempo do povo brasileiro não ser mais tratado como gado, fazendo com que o Brasil deixe de ser um imenso curral eleitoral, onde o cidadão vai para a cabine eleitoral da mesma forma que bois e vacas vão obrigadas para o matadouro, ou seja, sm direito de escolha.

28 de outubro de 2010

FHC mostra a Lula avanços da sua gestão


Segundo notícia publicada nesta sexta-feira no site do Jornal do Brasil, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) divulgou carta aberta ao presidente Lula. Na carta, FHC classifica a estratégia do atual chefe do Palácio do Planalto como "petismo-lulista", na qual, segundo ele, Lula esquece dos avanços ocorridos anteriormente ao seu governo, que sustentaram o desenvolvimento que o País viveu nos últimos anos;

A carta apresenta programas e investimentos realizados na gestão de FHC, como a criação do Plano Real e os benefícios que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, entre outros, além de chamar de mentirosa a declaração petista de que o PSDB "não olhou para o social". A carta,  na íntegra, é a seguinte:

"Sem medo do passado"

"O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse "o Estado sou eu". Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.

Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?

A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.

Na campanha haverá um mote - o governo do PSDB foi "neoliberal" - e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados... O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas, Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal.

Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.
Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao País. 

Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.

Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de "bravata" do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI - com aval de Lula, diga-se - para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.

Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto "neoliberalismo" peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010.

"Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela". (José Eduardo Dutra)

O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.

Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.

É mentira, portanto, dizer que o PSDB "não olhou para o social". Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa "Toda Criança na Escola" trouxe para o ensino fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).

Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

Fernando Henrique Cardoso"

26 de outubro de 2010

"O presidente sai desta eleição menor do que entrou"

Um fato que vem sendo motivo de muitas críticas é o comportamento do presidente Lula na campanha eleitoral. Como se sabe, nunca antes na história deste país um Presidente da República se atirou de corpo e alma bancando o papel de cabo eleitoral do candidato que fosse seu preferido à própria sucessão. Todos tiveram sua escolha, mas nenhum deles chegou ao ponto de abandonar o cargo e sair de palanque em palanque pedindo votos para seu escolhido e muito menos atacando qualquer adversário. Atualmente o que se vê é exatamente o contrário. Lula, que havia espantando todo mundo quando anunciou que seria presidente no "horário de expediente" mas que iria pedir votos para Dilma, foi mais além. Montou uma agenda de visitas oficiais nos mesmos locais onde haja algo programado para a campanha de sua candidata e acaba viajando pelo País "oficialmente" para depois subir nos palanques;

O comentarista político Merval Pereira escreve hoje em sua coluna no 'O Globo' lembrando que já diz em seu livro "O Lulismo no Poder" que "Lula tem demonstrado que é um político populista, que pensa na próxima eleição, enquanto o estadista pensa nas próximas gerações". As iradas declarações de Lula no episódio da bolinha de papel e do rolo de fita adesiva atirados em José Serra por petistas - dois daqueles que incitavam o grupo têm fotos espalhadas na Internet ao lado de Lula serem íntimos do presidente -, chegando a chamar Serra de farsante, demonstram muito bem o quando ele está engajado na campanha de Dilma, comportando-se como autêntico militante. Comportamento de magistrado, nem pensar!. Já houve as multas por campanha antecipada, ironizadas por Lula, e até a adoção do "horário de expediente" para depois entrar na campanha, agora abandonado para "tempo integral" nos palanques;

Merval Pereira diz ainda: "O próprio Lula, na primeira declaração depois de eleito em 2002, reconheceu em público a atitude 'republicana' do então presidente Fernando Henrique Cardoso durante a campanha presidencial, sem a qual ele poderia não ter sido eleito". Como se recorda, FHC, além de não sair pelo Brasil a fora subindo nos palanques do candidato do PSDB, o mesmo Serra, ainda ofereceu a Lula todo uma infraestrutura para uma tranquila transição, chegando a hospedá-lo na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República. Merval lembra, então: "Ao contrário do seu antecessor, que promoveu um processo de transição presidencial exemplar, o presidente Lula deixou claro desde muito antes do início oficial da campanha presidencial que o único resultado que lhe interessava era a eleição de sua sucessora";

Quando foi deputado federal, Lula não quis tentar a reeleição, alegando que não queria conviver com os "300 picaretas" que existiam, segundo ele, no Congresso Nacional. Agora, para eleger Dilma, muitos dos que ele chamava de "picaretas" estão no apoio a ela, além de outras belas "companhias", como Fernando Collor, Jader Barbalho, José Sarney, Renan Calheiros, Severino Cavalcanti e outros, daí ter inteira razão o senador eleito Aécio Neves ao declarar como Lula entrará para a história, apesar dos seus altos índices de popularidade.

Obs.: Na edição de hoje (27/10) de 'O Globo', na página 7, está publicado um artigo de Lauro Schuch, intitulado "Presidente ou Cabo Eleitoral?", que tem muito a ver com o tema desta postagem.

22 de outubro de 2010

Lula tem que controlar militantes do PT

O comportamento dos petistas que tumultuaram a caminhada de José Serra no bairro de Campo Grande, no Rio de Janeiro, e que está rendendo muito espaço na mídia não deixa de ser preocupante. Não há justificativa para um grupo de militantes de uma candidatura adversária  de modo bastante ostensivo durante um evento de campanha eleitoral. Da mesma forma, não há como não se esperar uma reação por parte de alguns militantes que estejam participando do evento, quando os ânimos ficam exaltados na medida em que o dia da eleição decisiva se aproxima. O que não se espera é que um presidente da República utilize um evento oficial para transformar o momento em palanque e ainda pratique agressão verbal contra a candidata que ele quer ver eleito na sua sucessão;

O discurso de Lula chamando José Serra de mentiroso e tratando o episódio como se fora uma farsa não se justifica, mesmo que fosse um factoide. Pior ainda é que a televisão mostra que o que aconteceu não foi o que Lula achou que era, dizendo que Serra estaria supervalorizando o fato de ter sido atingido por uma simples bolinha de papel. Para ele, não houve o segundo objeto atirado pelos petistas em Serra, mais pesado e que o levou a ser medicado. Positivamente, Lula não está agindo corretamente. Ele não está governando o Brasil, que também não está tendo Câmara e Senado em atividade;

No entanto, o que de pior poderá acontecer é a reação dos militantes petistas caso venham a perder a eleição. Com o chefe maior incentivando não uma vitória eleitoral mas sim uma guerra do "nós contra eles", com certeza vai ser difícil controlar seus seguidores sem eles tiverem que conviver com uma derrota, com milhares deles perdendo os cargos que têm nos diversos órgãos do Governo, totalmente aparelhado partidariamente. Seria o fim das "boquinhas", e aí são se sabe o que aconteceria nas ruas. Ainda é tempo de Lula se comportar como estadista e controlar a turba que o segue antes que o pior possa vir a acontecer.

21 de outubro de 2010

Lula a cada dia é menos presidente e mais militante

Não dá para acreditar, mas parece que Lula surtou de vez na sua ânsia de se manter no Poder através de Dilma Rousseff. Por mais que o episódio ocorrido entre petistas e seguidores de José Serra em Campo Grande, no Rio de Janeiro, tenha sido uma farsa, apesar das imagens mostradas claramente pelas emissoras de TV, não tem justificativa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificar nesta quinta-feira o fato como uma mentira. Em visita ao Rio Grande do Sul, ele comparou o caso com o episódio do ex-goleiro chileno Roberto Rojas há alguns anos num jogo de eliminatórias da Copa do Mundo, que fingiu ter sido atingido por um sinalizador jogado em campo, tentando criar problemas para a Seleção Brasileira, acabando por ser banido do futebol pela Fifa.."Pelo que aconteceu ontem, ontem deveria ser denominado o dia da mentira. Quem não viu, deveria assistir ao vídeo para ver uma mentira mais grave que a do Rojas. A mentira tem perna curta" afirmou Lula, mais uma vez se esquecendo de que é o Presidente da Repúbliuca e não um cabo eleitoral;

O presidente Lula disse que Serra deveria pedir desculpas "pela mentira descarada". E declarou: "Nenhum candidato em primeiro, segundo ou terceiro lugar nas pesquisas tem direito de mentir da forma descarada com que o PSDB mentiu ontem . Esse é o tipo de iniciativa que faz parte de uma campanha de baixo nível". Lula. afirmou ainda que o médico que atendeu Serra, Jacob Kligerman, trabalhou no Inca quando o candidato era ministro da Saúde."A mentira que foi produzida pelo esquema publicitário do José Serra é uma coisa vergonhosa. Passaram o dia inteiro vendendo que esse homem tinha sido agredido. Bateu uma bola de papel na cabeça do Serra e 20 minutos depois ele recebeu um telefonema. Telefonema que deve ser do seu diretor de produção. Depois do telefonema, ele decidiu procurar um médico que foi um diretor do Inca durante a gestão do Serra no Ministério da Saúde e secretário de Saúde do Cesar Maia";

Aí é demais. Embora muitos não aceitem, até se entende que Lula tenha abandonado o Governo para tentar eleger sua sucessora, mas esse comportamento de militante não fará bem à sua biografia

Factoide do PT no caso das quebras de sigilos

Muita gente ainda não esqueceu que essa história de quebra de sigilo fiscal de membros da família de José Serra e de dirigentes do PSDB surgiu a partir de notícia dando conta de que se tratava de alguém do comitê de campanha de Dilma Rousseff. Agora, em pleno segundo turno, às vésperas do dia da eleição, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, afirma que investigações da Polícia Federal mostram que a quebra de sigilo fiscal  teria acontecido por pessoas ligadas ao próprio PSDB, com a candidata do negando envolvimento de sua campanha nas violações;

Parece que querendo criar um factoide, o PT pediu para ter acesso ao inquérito da Polícia Federal que investiga o caso e a abertura de um novo inquérito para investigar se havia uma central de espionagem que seria comandada por um deputado ligado a Serra. Ontem, a Polícia Federal divulgou que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. encomendou a violação de sigilo fiscal de pessoas ligadas a Serra e de dirigentes do PSDB,  e o jornalista, que na época das violações - em setembro e outubro de 2009 -, trabalhava no jornal "O Estado de Minas",disse que fez a investigação após descobrir que o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), que estaria supostamente à frente de um grupo de espionagem a serviço do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), a fim de obter informações comprometedoras sobre a vida do ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG), a serviço de Serra;

A investigação da PF aponta que Amaury Ribeiro Jr. encomendou a quebra dos sigilos fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, da filha de José Serra, Verônica, do genro dele, Alexandre Bourgeois, e de outros tucanos, conforme informações divulgadas pelo jornal "Folha de S.Paulo" e pela Agência Estado. Segundo afirmou o delegado Moretti, da PF, Ribeiro Jr. disse em depoimento que pagou pelas informações ao despachante Dirceu Rodrigues Garcia, que trabalha em São Paulo, mas não informou os valores.

Em nota divulgada nesta tarde, Itagiba afirma que ele foi um dos que pediu investigação da PF sobre o suposto dossiê que estaria sendo realizado por pessoas ligadas à pré-campanha de Dilma. Na nota, o deputado nega ter feito qualquer espionagem, afirmando:“Não sou araponga. Quando fui delegado, fazia investigação em inquérito aberto, não espionagem, para pôr na cadeia criminosos do calibre desses sujeitos que formam essa camarilha inscrustrada no PT”;

Não dá para acreditar em tal insinuação por parte do PT, pois em se tratando de formação de dossiê, é ali que tem acontecido uma ampla produção dos mesmos. Isso infelizmente é mais um episódio do jogo sujo em que vem se caracterizando a atual campanha, que traz fatos inéditos, como a "licença" não oficial de Lula para subir nos palanques de sua candidata, como também a truculência de militantes do PT provocando tumulto em campanha de adversário, talvez para se fazerem de vítimas. Infelizmente este está sendo o caminho e coisas desagradáveis ainda poderão ocorrer.

18 de outubro de 2010

Por qual razão Dilma na TV só fala de Serra?

Uma das regras básicas da publicidade é sempre procurar mostrar seu produto, sua marca, seu projeto como sendo o melhor. Nunca lembrar ao possível consumidor que existe um concorrente para aquilo que se quer vender. "Nunca fale do peixe podre de seu concorrente, mas procure provar que o seu peixe, mesmo sendo podre, é melhor do que o dele", já disse há algum tempo um conceituado publicitário. Em campanhas eleitorais de Leonel Brizolla era comum ele gastar o tempo da TV e do rádio falando mal dos adversários. Como resultado, perdeu mais do que venceu;

Nos últimos dias é o que tem sido observado na campanha de rádio e TV de Dilma Rousseff. Nas inserções só fala de José Serra, alertando ao eleitor que ele não pode trazer o PSDB de volta ao Poder. Fala em privatizações o tempo todo, algo que certamente lembrará as ações de FHC e que Serra justifica como tendo sido benéficas ao País, dando oportunidade para o eleitor indeciso refletir sobre o um outro candidato dizem. A campanha de Dilma não fala sobre ela e nem sobre o que pretende fazer, a não ser que Lula apareça e diga que ela vai dar continuidade ao seu governo;

Para o eleitor mais esclarecido e ainda indeciso, o fato de Dilma ficar falando tanto de Serra é porque ele a está incomodando, fato que só pode configurar que os petistas têm em mãos pesquisas de intenção de voto mostrando o candidato tucano colado no espelho retrovisor de Dilma. Se ela estivesse com índices bastante favoráveis, certamente não teria necessidade em insistir para que o eleitor de Marina e dos demais se definam pelo seu nome, pois José Serra está prestes a virar o jogo e ter possibilidade de vencer o segundo turno no dia 31;

As próximas pesquisas poderão ser definitivas para o eleitor indeciso e poderão mostrar um quadro bem diferente daquele que vinha sendo apresentado até às vésperas do último dia 3, quando a candidata de Lula foi "derrotada" pela realização de um segundo turno, certamente uma nova eleição. É aguardar para ver o que acontece.

16 de outubro de 2010

Diferença real entre Dilma e Serra é de 3,5%

Os cerca dos 135 milhões de eleitores do Brasil estão distribuídos, por Região, da seguinte forma:

Centro-Oeste - 9.695.987
Nordeste - 36.727.931
Norte - 9.990.917
Sudeste - 58.936.436
Sul - 20.252.770

De acordo com a divulgação da pesquisa de intenção de voto feita pelo DataFolha e divulgada ontem, a votação de Dilma Rousseff e José Serra, por regiões, o resultado seria o seguinte:

Sudeste:
Dilma (43%) - 25.342.667
Serra (44%) - 25.932.031

Sul:
Dilma (40%) - 8.101.108
Serra (48%) -9.721.330

Nordeste:
Dilma (60%) - 22.036.758
Serra (30%) - 11.018.379

Norte e Centro-Oeste:
Dilma (44%) - 8.662.238

Serra (46%) - 9.055.976

Se o quadro apresentado pelo Ibope vier a acontecer em 31 de outubro, somando-se as votações da regiões brasileiras e considerando os números absolutos da pesquisa DataFolha, a eleição teria o seguinte resultado final:

Dilma  - 64.142.771 (53,5%)
Serra  - 55.727.716 (46,5%)

A diferença seria de 7% e Serra, para vencer, teria que tirar de Dilma apenas 3,5% mais um eleitor. Essa deve estar sendo a preocupação do comando da campanha da candidata petista, levando-a a ficar tão agressiva contra o tucano, o mesmo correndo com os líderes do PT e seu principal cabo eleitoral, o presidente Lula, o mesmo acontecendo na propaganda gratuita de Dilma, muitas vezes desmentindo a si mesma, apesar de existirem na Internet inúmeras gravações com palavras ditas por Dilma, que agora tenta desmentir. Muita água vai passar por baixo da ponte até 31 deste mês e muita coisa ainda poderá acontecer.

15 de outubro de 2010

A inconstante Dilma Rousseff

Lendo matéria publicada pela revista Veja desta semana, consegui ver condensados, em uma única matéria jornalística, vários pontos nevrálgicos do atual cenário político, todos de conhecimento público, mas angariados em veículos e oportunidades diferentes.

Na convenção do PT realizada em 2007, o partido fechou questão em relação à liberalização da prática do aborto, cuja descriminalização o partido já discutia internamente, desde sua fundação, há 30 anos. Nessa oportunidade, Dilma Rousseff, acompanhando a decisão do partido, declarou-se favorável à descriminalização do aborto, e reafirmou essa sua posição em abril de 2009 e em maio e agosto de 2010, em documentos e entrevistas a diversos veículos de comunicação.

Após pesquisas realizadas pelos marqueteiros de sua campanha, mostrando que 68% da população brasileira são contrários a qualquer mudança na lei em vigor, que só permite o aborto em casos específicos, de estupro ou por risco de vida da gestante, Dilma passou a declarar ser "pessoalmente contra o aborto", visto que não há como negar, além de suas declarações anteriores, também a posição de seu partido.

A variação de posições de Dilma diante de diversos assuntos é bastante dúbia, visto que nunca disputou sequer uma eleição, e, consequentemente, nunca exerceu um cargo executivo onde sua competência e atitudes ideológicas pudessem ser medidas. Disputa agora esta eleição, por escolha exclusiva do presidente Lula, que, com isso, parece querer mostrar a todos sua capacidade de eleger até um poste, desde que por ele indicado.

Suas declarações pessoais em relação a assuntos importantes como invasões de terras, meio ambiente, liberdade de imprensa, economia, privatizações e corrupção envolvendo seus assessores são variáveis conforme a ocasião.

Apóia os sem-terra, mas, em exposições de gado, ou outro ambiente onde esteja diante de produtores rurais, diz que respeitará a propriedade privada, quando se sabe que o PT pretende a limitação do tamanho de áreas, independentemente de serem produtivas ou não. Em abril de 2010, disse que, por ser do governo, não considerava "cabível" usar um boné do MST, mas, em junho, na convenção do PT em Sergipe, discursou usando o boné.

Declarou-se contrária a contribuições financeiras de países em desenvolvimento para a constituição de um fundo de preservação ambiental, mas, quando soube que Lula se dispunha a contribuir, no dia seguinte já desdenhava da proposta de Marina Silva, que propunha a doação pelo Brasil de US$ 1 bilhão, dizendo que esse valor "não faz nem cosquinha", insinuando que o Brasil deveria contribuir com quantia muito maior.

Diante do escândalo provocado por sua assessora e sucessora na Casa Civil, Erenice Guerra, declarou, no dia 11 de setembro, com todas  letras, "ela tem minha inteira confiança até hoje" e, no dia seguinte, já disse "não posso ser julgada com base no que aconteceu com o filho de uma ex-assessora", esquecendo-se de comentar que, à essa altura, o escândalo já se estendia ao ex-marido da assessora e a outras pessoas e empresas.

No dia 5 de julho, Dilma entregou à Justiça Eleitoral um programa de governo que propunha o controle da imprensa através de conselhos e observatórios comandados pelo governo, e, no dia 21 de julho, disse "Sou rigorosamente contrária ao controle do conteúdo. O único controle que existe é o controle remoto".

Por todos esses aspectos, me assusta a possibilidade de entregar o comando de um país a quem não possui nenhuma experiência administrativa, além de possuir um passado e um presente ideológico muito diferente do que é tradicionalmente aceito pela população brasileira.

Diante de tanta inconstância, penso ser realmente muita irresponsabilidade de um eleitor patriota fazer opção de voto por Dilma Rousseff, se nem ela mesma sabe o que pensa sobre tais assuntos.

13 de outubro de 2010

Lula fecha o Governo pra balanço (campanha)

A imprensa noticia hoje que Lula suspendeu definitivamente suas atividades presidenciais. Ele está totalmente dedicado à campanha de Dilma Rousseff, que parece estar ameaçada pela possível subida de José Serra nas pesquisas de intenção de voto, o que representaria uma derrota sem precedentes para Lula. Ele já deve estar grilado com o que ocorreu no Chile - não se trata nem do terremoto nem na caso dos mineiros -, pois o atual presidente derrotou a anterior, que como Lula tinha 80% de aprovação, mas que viu o candidato da Oposição se eleger. Certamente Lula pode estar vendo fantasmas. Como prova de que tudo no Governo em termos de interesses gerais está parado no Palácio do Planalto. Bastas que se leia o que traz hoje o site do jornalista Claudio Humberto:


Governo enrola as famílias dos mortos no Haiti


Dez meses após a cerimônia fúnebre na Base Aérea de Brasília, de 21 de janeiro, quando o presidente elogiou em discurso os “destemidos brasileiros” mortos durante o terremoto do Haiti, as famílias dos dezoito militares ainda não receberam um só centavo da prometida indenização de R$ 500 mil para cada uma delas, tampouco a bolsa-educação de R$ 510,00 para dependentes em idade escolar.

Embromation

Lula prometeu em janeiro amparar as famílias, mas só em 5 de agosto enviou projeto ao Congresso, e não medida provisória, como anunciou.

Só sai na marra

Familiares de nove dos heróis mortos acionaram na 15ª Vara Federal, em Brasília, a seguradora e a Fundação Habitacional do Exército.

‘Cumpanherada’

O presidente Lula agilizou doações em dinheiro para Cuba, Bolívia, Equador e Paraguai. E mandou US$ 25 milhões aos palestinos.

11 de outubro de 2010

Dilma assiste missa em Aparecida pela primeira vez

Este é o título da notícia que está hoje no site do jornalista Claudio Humberto, cujo teor é o seguinte:

A candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) assistiu nesta segunda (11), pela primeira vez, a missa no santuário Nossa Senhora Aparecida. Ela informou em entrevista que é devota de Nossa Senhora, especialmente Nossa Senhora Aparecida. "Queria estar aqui em Aparecida por causa de um problema recente de minha vida, que prefiro não comentar", disse, se referindo ao câncer que enfrentou recentemente. Ela chegou a Aparecida (SP) de helicóptero, entrou na Basílica por volta das 9h e ficou na primeira fileira, em uma área reservada diante do altar, sentada entre o chefe de gabinete pessoal do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e o recém eleito deputado federal Gabriel Chalita (PSB), além de prefeitos e deputados da região. As informações são do Estadão.

Essa Súbita religiosidade de Dilma é que chama a atenção, principalmente pela versatilidade que a candidata de Lula demonstra. Quando sua doença, um câncer linfático, apareceu na campanha (quando ainda era antecipada e gerava multas do TSE para ela e o presidente), houve uma ampla divulgação e até alguns movimentos para repensar sua candidatura, com alguns petistas voltando a falar em terceiro mandato para Lula, preocupados na manutenção do Poder e, consequentemente, das "boquinhas" conseguidas por milhares de militantes em órgãos do Governo;

Acontece que também houve notícias eufóricas na mídia dando conta de uma cura do câncer de Dilma depois de sua presença num evento da Igreja Renascer, quando o "apóstolo" Hernandes, chefe daquela seita religiosa que andou sendo preso nos Estados Unidos por entrada ilegal de dólares naquele país,  orou por ela pedindo a Deus a cura da doença. Depois disso, os assessores da candidata petista andaram plantando notícias na imprensa dizendo que depois daquele evento a doença dela teve considerável diminuição, até mesmo podendo considerá-la curada;

Agora, Dilma se apresenta como católica fervorosa, só não indo a pé de São Paulo até Aparecida do Norte, só não fazendo a caminhada pelo fato do seu pé direito não estar em condições para isso. Certamente se José Serra afirmar que Dilma está sendo oportunista, ele vai ser tratado como disseminador de boatos e responsável por espalhar mentiras, como sua posição sobre o aborto e contradições posteriores, sobre a quadrilha familiar montada na Casa Civil por Erenice Guerra, seu "braço direito", a ponto de substituí-la no ministério, bem como por denunciar que servidores da Receita Federal violaram o sigilo fiscal de familiares dele e também de dirigentes tucanos. Está mais do que claro que a chuva de fatos sobre o que  Dilma pensou no passado e hoje pensa sobre aborto perturbou a candidata e preocupou o comando de sua campanha, daí essa repentina e conveniente religiosidade.

8 de outubro de 2010

Voto proporcional é um caso a ser revisto

  • Depois de cada eleição, sempre vem à tona a discussão sobre o voto proporcional, principalmente quando o eleitor toma conhecimento de que um candidato se elegeu com uma "mixaria" de votos enquanto muitos outros ficaram de fora apesar dos milhares de votos a mais recebidos. Para o eleitor é difícil entender que as pessoas votam em partidos através do voto dado aos candidatos. Na prática, não é mesmo o que ocorre. As pessoas sempre votam em pessoas. Isso pode ser observado no número de votos na legenda, onde a maioria ocorre por erro do eleitor ao digitar o número de um candidato a deputado federal, deputado estadual ou vereador. Essa história de Quociente Eleitoral e Quociente Partidário não entra na cabeça até da maioria dos candidatos;
  • No Rio de Janeiro esta constatação é gritante para a maioria dos eleitores. O candidato a deputado federal eleito menos votado foi o ex-BBB Jean Wyllys, do PSOL, que obteve apenas 13.018 votos, levado pela expressiva votação de Chico Alencar, que alcançou 240.352 votos, ficando de fora o atual deputado Nelson Bornier (PMDB), com 72.352 votos e mais outros 58 candidatos com mais votos que Jean. Também para deputado estadual o mesmo ocorreu. Janira Rocha, do mesmo PSOL, vai para a Assembleia Legislativa com apenas 6.442 votos, graças à votação de Marcelo Freixo, que chegou aos 177.253 votos. Logo atrás de Janira, sem se eleger, aparece Resenverg Reis (PMDB), que obteve 38.059 votos, além de outros 135 candidatos com mais votos que ela;
  • Já houve o episódio da eleição do folclórico Enéas (Prona), com mais de 1 milhão e 500 mil votos,  proporcionando que um médico do Rio de Janeiro chegasse à Câmara dos Deputados com pouco mais de 200 votos. Isso mesmo. Duzentos míseros votos. Tudo por causa da famigerada votação proporcional. Que esse doutor representava São Paulo no Congresso Nacional? Essas aberrações servem para constatar que o sistema precisa ser reavaliado e modificado. É mais do que certo que o eleitor não vota em partido e sim em candidatos. Existem várias propostas em tramitação no Congresso Nacional, como é o caso polêmico das tais listas fechadas dos partidos, que certamente provocariam a formação de "panelinhas" de candidatos com prestígio nas cúpulas partidárias, bem como dando chances para acertos não muito honestos para garantir nomes nas listas. Talvez fosse melhor a votação majoritária, ou seja, os mais votados seriam os eleitos;
  • Há um projeto apelidado de "distritão" que estabelece o voto majoritário para as casas legislativas e que estabelece que o primeiro suplente é o que tiver ficado imediatamente de fora, seja de qual partido for. Esse é um assunto a ser pensado e debatido para que candidatos como Jean não sejam alçados à condição de representantes do povo que não os escolheu para isso, o que se comprova com as inexpressivas votações que obtiveram.

Dilma tenta dizer que não disse o que disse

Depois do resultado da eleição de domingo, quando o PT ficou frustrado com o fato de Dilma Rousseff não ter vencido no primeiro turno, contrariando as previsões de Lula & Cia. e os resultados das pesquisas de intenção de voto e de boca de urna, o que se vê agora são mudanças de opiniões e atitudes por parte do comando da candidata governista. Depois da onda contra Dilma por conta de possível posição favorável ao aborto e a casamento gay, a toda hora alguém ligado à candidata (e ela própria) se pronuncia sobre os temas. Nas entrelinhas, procuram agradar a Marina Silva, dona de um capital de quase 20 milhões de votos. Os cuidados para não desagradar a Marina e, por conseguinte, tentar conseguir o apoio dela, os petistas estão fazendo verdadeiras ginásticas para dizer que não disseram o que todo mundo sabe que disseram. Uma prova disso está na notícia publicado no site da Folha de São Paulo:

Blog feito por militantes do PT chama Marina de 'traíra' 


O "Blog da Dilma", feito por militantes do PT e que se define como "o maior portal da Dilma Rousseff na internet", postou na véspera da eleição um texto com ataques a Marina Silva. O arrependimento veio rápido e o texto saiu do ar tão logo a candidata do PV, com 20 milhões de votos, passou a ser assediada para dar o seu apoio aos dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições. O post, com o título "Marina Silva, a traíra", a chamava de "ecochata", e afirmava que sua candidatura era uma vingança contra Dilma e Lula. O texto ainda dizia que Marina não tem "conhecimento" e "caráter" para governar o Brasil.


O artigo foi publicado no dia 30 de setembro e retirado do ar no dia 4 de outubro, dia seguinte às votações do primeiro turno, quando ficou claro que era necessário tentar pescar a preferência de 19% dos eleitores que escolheram a candidata do PV no primeiro turno.A previsão feita pelo texto, com a leitura de hoje, é o que os petistas não querem que aconteça: o Blog da Dilma afirmava que Marina iria, no segundo turno, "cair no colo" do candidato do PSDB à presidência, José Serra."Ela alimentava esperanças de que o presidente Lula a escolhesse para ser sua sucessora, e quando percebeu que não seria a escolhida deu o bote tal como uma cascavel", afirmava o texto assinado por Jussara Seixas, uma das editoras do blog.


Agora, Dilma vai correr atrás de evangélicos e católicos conservadores tentando agradá-los e evitar que se repita no segundo turno a sangria que sofreu com as postagens em blogs e sites de afirmações dela sobre os dois temas polêmicos. Some-se ainda o "fogo amigo" provocado pelas atividades dos filhos de Erenice, braço direito de Dilma na Casa Civil e sua sucessora naquela pasta. Para quem parecia estar voando em "céu de brigadeiro", parece que agora vem por aí um voo até 31 de outubro cheio de turbulências.

6 de outubro de 2010

Para qual lado Marina vai pender?

Este blog já fez referência a um cidadão de Nilópolis (RJ) que tem mania de espalhar placas pela cidade, destacando uma onde ele - Mário Lima é o nome dele - afirmava: 'Dilma não é Lula; Serra não é FHC'. Ele estava certo. Por isso, aconteceu o que muita gente previa, mas os institutos de pesquisa e o Palácio do Planalto não acreditavam que seria uma realidade. A verdade é que não houve a vitória de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno, como Lula pensava e queria. Diz até que havia uma festança programada  para a sede do Governo, tendo havido até um reforço na segurança presidencial, pois esperava-se uma multidão de militantes para festejar a vitória da candidata do presidente, o que representaria uma vitória pessoal de Lula. Nem as pesquisas de boca de urna, que historicamente sempre apontavam um quadro aproximado do que apareceria no final da apuração se confirmaram;

Nesta eleição, por mais que no comando da campanha de Dilma se falasse em se evitar o "salto alto", a verdade é que a própria candidata andou de certa forma esnobando ao falar com pose de previamente vitoriosa, mesmo depois do lançamento do "filme" intitulado 'Os dois filhos de Erenice' e depois da comprovação de que petistas da Receita Federal haviam violado o sigilo fiscal de membros do PSDB e até fa filha de José Serra (PSDB). Depois, com a mobilização de evangélicos e católicos conservadores contra possíveis posicionamentos de Dila em relação ao aborto e à união de homossexuais, aí é mesmo que a coisa degringolou. Hoje, lemos que tudo foi trama oposicionista para desestabilizar sua campanha, mas os petistas vão partir para cima dos grupos  religiosos que fizeram campanha para os fiéis não votarem nela. Isso fica parecendo confissão;

Não se pode deixar de lado o fato de que Marina Silva (PV) foi o caminho para a migração de eleitores da candidata do "cara", principalmente aqueles que não admitiam votar em Serra, mesmo sabendo que o crescimento da candidata verde beneficiaria a candidatura tucana, como ocorreu. Agora, os dois candidatos que se enfrentarão no segundo turno "namoram" o apoio de Marina. É lógico que ela não tem poderes para transferir para um deles os seus quase 20 milhões de votos, mas de acordo com a posição que ela tomar, muitos desses milhões de eleitores a acompanharão;

A definição de Marina e a do PV estão gerando grande expectativa, pois terá um peso considerável para a votação em 31 de outubro. Muita gente aposta numa neutralidade de Marina, mesmo que o PV de defina por um dos dois, uma vez que depois da consolidação dela como grande líder política nacional, tal postura seria bem vista por considerável maioria. No entanto, pendendo ela para Serra não seria tão estranho como se sua opção fosse para Dilma. O jornalista Cláudio Humberto publicou ontem e hoje em seu site três notas que demonstram claramente que Marina mancharia sua história caso resolvesse optar pela candidata de Lula:

Inesquecível

 

Bilhete azul” humilhante ninguém esquece. E Marina Silva não deve apagar da memória sua demissão do Ministério do Meio Ambiente, por ordem de Lula e comunicada por Dilma, com seu jeito brutal de ser.

 

Pistas na floresta

 

Da então ministra Dilma (Casa Civil) sobre a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente, em 2008: “É preciso deixar claro que a ex-ministra não representa o projeto do presidente Lula.”

O quinto elemento

Além de não se bicar com Dilma na questão ambiental, Marina teria de enfrentar nos bastidores da campanha petista o ex-ministro José Dirceu, que em 2009 a acusou de “campanha eleitoral antecipada no Brasil e no exterior usando a cota de passagens aéreas do Senado”.

1 de outubro de 2010

Eleitor está consternado. Morreu o seu título

No momento em que os cartórios eleitorais estavam cheios de eleitores em longas filas para garantirem a segunda via de seus títulos, o Supremo Tribunal Federal (STF) praticamente enterra o título e estabelece que basta um documento oficial de identidade - no caso, Carteira de Identidade (RG), Carteira do Trabalho, Carteira Nacional de Habilitação ou identidade de conselho profissional ou da OAB - é que será obrigatório para o eleitor apresentar na seção eleitoral e poder votar. O placar de 8 a 2 foi decidindo uma representação do PT contra um artigo da Lei Eleitoral aprovada há um ano com votos dos petistas, além da sanção do presidente Lula (não é necessário dizer que ele é também do PT, apesar da diferenciação que José Dirceu faz entre o presidente e seu partido);

Só falta agora algum eleitor ingressar em Juízo pedindo indenização por danos morais pela perda de tempo para obter um documento que o habilitaria a votar, mas que agora não tem mais nenhum valor. A lei alterada tinha como objetivo evitar tanto quanto possível as fraudes na hora de votar, quando os mesários poderiam melhor identificar o eleitor, quando o único recurso que tinham era o de conferir a assinatura dele na folha de votação, comparando-a com a do título, com se fossem técnicos em grafologia. Não sabemos como os mesários identificavam um eleitor analfabeto, uma vez que não eram dactilocopista para analisar impressões digitais;

Tudo isso é mais uma constatação de como os órgãos públicos decidem certas coisas. Há algum tempo atrás os títulos de eleitor tinham fotografia e o presidente da sessão eleitoral dava um visto no próprio título comprovando o comparecimento do eleitor. Algum "çábio" teve a ideia do título sem foto e a legislação também não exigia a apresentação de documento de identidade oficial com foto, somente quando surgisse alguma dúvida na identificação. Quando parecia que essa falha estava corrigida, a grande maioria dos ministros do STF resolve alterar a lei que objetivava dar mais transparência à eleição, atendendo a uma demanda do partido governista;

Todo esse episódio serve para se constatar que até a Justiça anda fazendo o jogo de interesses do Governo, que mostrou-se ser o maior interessado na alteração da lei. Essa Justiça é a mesma que vem empurrando com a barriga a definição da Lei da Ficha Limpa, num autêntico deboche com os milhões de eleitores que assinaram ou apoiaram um projeto de iniciativa popular, que agora verão uma enorme quantidade de "fichas sujas" concorrendo e muitos se elegendo, sabendo-se que depois de empossados será muito difícil a própria Justiça cassar-lhes os mandatos, aí já legitimados pela vontade popular, através do voto, um forte argumento para se manterem nos respectivos cargos, tudo isso pelo alheiamento de eleitores incapazes de fazerem uma depuração desses maus políticos, tarefa que deveria caber aos partidos mas que estão mais interessado nos votos dessas tristes figuras que povoam a política nacional. É lamentável!