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7 de agosto de 2010

Partidos políticos & Partidos 'nanicos'

Os bons artigos e comentários podem e devem ser lidos e passados adiante. Este é o caso do blog Coisas da Política, cujo artigo de Villas-Bôas Corrêa, transcrito a seguir, faz duras críticas ao exagerado número de partidos políticos existente no Brasil, entre os quais aqueles denominados "nanicos" não servem nada mais do que legendas de aluguel. Por este blog concordar com a opinião do autor, apresentamos o mesmo ao conhecimento dos nossos possíveis leitores:

 

Herança mofina da Redentora

 

Das cinco últimas campanhas presidenciais, desde o enterro de pobre em caixão de pinho da ditadura militar dos 21 anos do rodízio dos cinco generais presidentes – em 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006 – esta para a eleição do sucessor dos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva bate todos os recordes. Pelo menos até quando afinal começaram os debates entre os candidatos que se distraíam em passeatas, banquetes, futricas e fofocas, com um olho nas pesquisas das intenções de voto e outro nos truques para engambelar o eleitor.

Do voto para valer, só agora começaram a cuidar: os debates, o horário de propaganda nas redes de rádio e televisão reclamam especial cautela para evitar a repetição de bobagens e bazófias de madames que capricham nos cortes e pinturas dos cabelos e na elegância dos vestidos e calças, mais do que do debate de programas, ideias e propostas. E de lero-lero estamos até o gogó.

Deixamos escapar por entre os dedos o momento exato para a fogueira da herança maldita da Redentora dos 21 anos da ditadura militar na Constituinte de 1988 e nas suas muitas emendas. A começar pela remontagem do modelo clássico no confronto entre governo e oposição. Como ficou mais fácil do que comprar um purgante na farmácia criar um partido, o inchaço produziu o monstrengo que parece colcha de retalhos pendurada nos fundos do quintal. E a troca de partido como quem troca a cueca depois do banho foi deformando os partidos em motéis de beira de estrada que aceitam hóspedes, por hora ou por uma noite, sem pedir identificação.

No forró do adesismo de campanha, como agora, as mais extravagantes alianças expõem a mixórdia do varejo regional, em que os conchavos municipais e estaduais, â vista ou por baixo do pano, denunciam a sopa rala das siglas.

O exercício da democracia exige a límpida distinção entre governo e oposição. E no rigor ortodoxo com a decisão entre dois candidatos: do lado de cá e do lado de lá. Francamente, é uma extravagância como a candidata estreia no palco iluminado da campanha eleitoral de aspirante à Presidência da República. Hospedada em legenda de aluguel, sem biografia ou militância. Mudar de penteado ou estrear um vestido a cada dia não é exatamente militância partidária.

E, se o presidente da República é o líder do seu partido e passa metade do mandato viajando pelo mundo e poucos dias e horas no seu gabinete, sem ler ou despachar um papel, é estranho que disponha de vagares para cabo eleitoral da candidata Dilma Rousseff – que nunca viu o voto.

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