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14 de abril de 2010

Desculpas esfarrapadas

Ainda repercutem - e muito mal, por sinal - as explicações dadas pelo governador Sergio Cabral e pelo prefeito Jorge Roberto Silveira, de Niterói, sobre a tragédia que se abateu sobre o Estado do Rio de Janeiro por causa das fortes chuvas que caíram há uma semana e que provocou a morte de mais de 200 pessoas que moravam em áreas de risco, em especial no Morro do Bumba, na ex-capital fluminense. Pelo que Sergio Cabral andou dizendo, ele praticamente atribui aos falecidos a causa de suas mortes, tachando-os de culpados por optarem em residir em áreas impróprias para construção de casas;

Da mesma forma, o prefeito Jorge Roberto Silveira compara o desmoronamento do antigo lixão ao tsunami da Indonésia e ao terremoto do Haiti, por terem sido causados pela natureza, como as chuvas que desabaram sobre Niterói, acrescentando que os governantes daqueles países não foram considerados culpados pelas mortes, como está acontecendo com ele;

No caso do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, seu comportamento no episódio foi um pouco diferente do dos outros chefes de Executivo, pois imediatamente partiu para tomar providências, não inventando desculpas, exagerando um pouco ao baixar decreto estabelecendo regras para remoção de moradores de áreas de risco na Capital, mas estabelecendo o uso da força, medida que poderia ser tomada quando necessário, mas que não deveria sequer ser citada na legislação;

Mas o pior de tudo fica por conta do comprovado desconhecimento de Roberto Silveira sobre a cidade que tem sido governada por ele em vários mandatos, em cujos intervalos estiveram prefeitos por ele apoiado e que dele receberam influência na administração do município. Isso ficou claro na sua declaração de que desconhecia que o Morro do Bumba não tinha condições de servir de moradia, pois era um terreno onde durante anos esteve um lixão;


Se houve por parte da Prefeitura de Niterói a iniciativa de urbanizar aquela área, levando para ali rede de água e esgotos, pavimentação de ruas, construção de escolas e creches, será que tudo foi feito sem nenhum estudo do solo? Ou ele quer que acreditemos que nada foi feito sem objetivos eleitoreiros? É claro que foi assim! Em ano de eleição, o negócio é aparecer fazendo obras, mesmo que elas possam ser futuramente motivos para centenas de mortes;


Quanto a Sergio Cabral, seu objetivo é minimizar tanto quanto possível a culpa dos prefeitos tanto de Niterói como do Rio de Janeiro e de outras cidades que viram seus moradores serem tragados em desmoronamento, como já ocorreu este ano com Angra dos Reis, pois, por infeliz coincidência, aquelas cidades estão sendo administradas por prefeitos ligados, como o governador, ao presidente Lula, e qualquer imagem negativa poderá refletir na campanha eleitoral deste ano.

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