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5 de março de 2010

Sarney de volta?! Não faça isso, Lula!


  • A notícia mais comentada ontem foi a que se referia à possibilidade de Lula tirar licença para participar da campanha de sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff. Seria algo que nunca antes havia acontecido no país, embora não seja inédito o presidente da República se esforçar para eleger seu sucessor. No entanto, caso Lula venha a se licenciar, seria um fato realmente inédito, pois o primeiro mandatário estaria, como se noticiou, afastado de suas funções por dois meses, transformando-se em cabo eleitoral de uma candidata;
  • É um direito que Lula tem querer que alguém de sua equipe dê continuidade aos seus projetos, bem como manter nos principais postos de comando aliados seus. Mas, se Lula tirar licença, ele também entraria para história como alguém conseguiu trazer Sarney de volta ao mais alto cargo do país. Como se recorda, o senador do Amapá/Maranhão chegou ao cargo de presidente sem ter sido eleito, pois era vice de Tancredo Neves, que morreu antes da posse. Há juristas que entendem ter sido ilegal a posse de Sarney sem que Tancredo tivesse sido antes empossado. Enfim, o cargo caiu no colo dele, e poderá acontecer de novo;
  • Como foi noticiado, tudo isso decorre do fato de que caso Lula tire licença, seu vice José Alencar não assumiria por ser provável candidato a governador ou senador por Minas Gerais. Também Michel Temer, presidente da Câmara, poderá ser o vice de Dilma ou candidato à reeleição. Sobraria, então Sarney, presidente do Senado e que está no meio de seu mandato de oito anos. Essa possibilidade - o mini-mandato de Sarney - é que provocou uma grita maior do que a licença de Lula. É certo que ele em apenas dois meses e interinamente, não conseguiria elevar a inflação aos 84% ao mês que passou para Collor;
  • Com tanta reação, o Planalto tratou logo de desmentir que Lula houvesse sequer cogitado tal licença. Essa é uma tática já conhecida. O balão foi ao ar mas foi logo recolhido. Não agradou. Parece-nos que quem mais se beneficiará dessa frustrada licença é a própria Dilma, por dois aspectos. Indiretamente ela estaria promovendo o retorno de Sarney. De modo mais direto, Lula estaria demonstrando ao eleitorado a fraqueza de sua candidata, ao ponto de depender dele para fazê-la conhecida pelo Brasil a fora;
  • Mas a licença seria um grande mico. Ela é totalmente desnecessária. Lula já está em campanha com Dilma há muito tempo sem que a Justiça Eleitoral o incomode. Pelo contrário, o TSE tem rejeitado sistematicamente qualquer tentativa de travar a pré-campanha que já existe há bastante tempo. Resta esperar a campanha para valer, quando todas as candidaturas estarão em campo, buscando voto a voto a vitória em 3 de outubro.

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