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21 de dezembro de 2009

Começou o terrorismo de campanha?

  • Em entrevista publicada no Globo deste domingo, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, dá uma demonstração da tática terrorista que será adotada pelos petistas na campanha eleitoral do ano que vem. Lula e seus aliados deixam bem claro que pretendem transformar o pleito de 2010 numa espécie de referendo comparativo entre os oito anos de Fernando Henrique (1999/2006) e os oito de seu mandato. Como não pode concorrer, Lula tenta fazer o eleitorado se convencer de que o seu governo foi melhor que o de FHC e que Dilma Rousseff é uma continuação do atual;
  • O terrorismo de Henrique Meirelles está na declaração de que as eleições podem gear uma tensão na economia brasileiro em 2010, tirando o Brasil de sua atual estabilidade econômica. Sendo assim, tenta mostrar ao eleitor que o melhor é não mudar, pois se isso acontecesse o Brasil estaria voltando aos tempos de inflação alta e consequente queda do poder aquisitivo da população, impedindo a onda consumista que hoje prevalece no País;
  • O discurso do presidente do BC faz lembrar a última campanha, quando a campanha de Lula passou a informar aos eleitores que Geraldo Alckmin (PSDB), adversário do candidato do PT, iria promover uma onda de privatizações, o que não era verdade, mas que assustava o eleitor em vista da grande campanha que se fazia contra a desestatização de empresas públicas, as quais os petistas queriam dominar e povoar de correligionários da "base aliada", como hoje acontece;
  • O interessante é que no caso de uma vitória de José Serra (PSDB), dificilmente ele faria mudanças radicais na economia, uma vez que comprovadamente a atual é nada menos que uma continuidade da que vinha sendo adotada pela equipe ecomonica de Fernando Henrique, sendo lógico que haveria uma continuidade da situação atual, uma vez que uma volta do PSDB ao comando do Governo em nada justificaria uma mudança radical na economia do País, cujas regras foram em tese criadas no tempo de FHC;
  • Vê-se, portanto, que além da pré-campanha já lançada na rua de Lula em favor de sua candidata, as táticas para assustar o eleitorado começam a se esboçar, tudo em busca de alavancar a candidatura oficial, ainda mais que recentes pesquisas mostram uma subida dos índices de Dilma, embora José Serra continue na liderança, mesmo sem se lançar abertamente em campanha. Resta esperar o início do ano para vermos que tipo de jogo será jogado.

11 de dezembro de 2009

Zé Dirceu imprescindível? Isso é deboche!

Deve ser algum tipo de deboche. No dia em que o presidente Lula anuncia o envio ao Congresso de projeto de lei que tem por objetivo considerar a corrupção como crime hediondo, vê-se estampada na imprensa, na festa de 30 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), foto do presidente do partido e da candidata do Planalto à sucessão presidencial ao lado de José Dirceu, que está sendo processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como integrante de quadrilha que operava o Mensalão do PT, descoberto em 2005, para garantir votação favorável dos projetos do Governo;

Mas o deboche fica mais configurado com a afirmação dos petistas, em especial Dilma Rousseff, de que José Dirceu é imprescindível ao PT. Como assim? O mesmo cidadão todo poderoso que foi afastado do Governo e que teve seu mandato de deputado federal cassado, mesmo respondendo a processo no STF é imprescindível e já age com autêntico coordenador da campanha de Dilma à sucessão de Lula? Na foto, os três parecem estar rindo do povo;

Em plena repercussão do show de recebimento de propinas por integrantes do Governo do Distrito Federal (GDF), cujo titular é José Roberto Arruda, do DEM, a iniciativa de Lula é por demais oportunista, pois leva a população a acreditar que o tal projeto é para punir os integrantes da administração integrada por membros de um partido de oposição a Lula. Quatro anos depois, é certo que a maioria da população já não se lembra do Mensalão do PT, mas a memória está bem clara com o atual do DEM e com o recente indiciamento de Eduardo Azeredo, do PSDB;

Estranho é que exatamente no fim de seu mandato tenha a iniciativa de mandar para o Congresso projeto anticorrupção, além do fato de que já tramitam nas duas casas legislativas cerca de 70 projetos tratando do assunto sem que os parlamentares os faça sair das gavetas em que se encontram. Isso reforça a tese de oportunismo de Lula, como que querendo mostrar as falcatruas dos futuros adversários de Dilma, mas se comportando como o macaco preocupado com o rabo da cotia e esquecendo-se do seu próprio;

É hora da opinião pública se mobilizar para criar embaraços àqueles que praticam todos os tipos de atos condenáveis, mas que estão sendo sempre sendo agraciados com mandatos populares e a consequente imunidade para serem processados. O Projeto Ficha Limpa, de iniciativa de cerca de um milhão e meio de subscritores, precisa ser votado o quando antes, pois se tornando lei vai afastar do meio políticos tais maus elementos, sejam eles do PT, PSDB, DEM ou quaisquer outros partidos.

10 de dezembro de 2009

Lula diz que quer "tirar povo da merda"

Lula agora anda com a língua totalmente solta. Para tentar alavancar o Ibope de sua candidata, Lula não está nem aí para o que diz. Como sempre ocorre quando fala de improviso, o presidente mais uma vez falou como deveria falar um chefe de Estado e de Governo. Parece que ele quer dar a entender que esse tipo de palavreado "coloquial" pode aumentar sua popularidade, que ultrapassa do 80%, mas que ele não consegue transferir para sua candidata, que segundo as últimas pesquisas perderia para José Serra (PSDB) no primeiro turno. Lula deve achar que falando palavrões ao lado dela pode dar-lhe mais popularidade;


"Eu não quero saber se o prefeito de São Luís, João Castelo, é do PSDB, se o outro é do PFL ou se é do PT. Eu quero saber se o povo está na merda e eu quero tirar o povo da merda que ele se encontra", disse Lula durante discurso em São Luís, no Maranhão, onde assinou contratos do programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida". Lula usou um palavrão para descrever a situação dos mais pobres do Norte e do Nordeste que não têm acesso a saneamento básico. Depois, admitiu que seria criticado por isso, mas considerou mais importante fazer a mensagem chegar aos mais necessitados;


Lula previu que seria criticado e se antecipou: "Amanhã os comentaristas dos grandes jornais vão dizer que o Lula falou um palavrão. Mas eu tenho consciência de que eles falam mais palavrão do que eu todo dia e tenho consciência de como vive o povo pobre deste país". Lula concluiu o discurso se esforçando para não declarar apoio à candidatura presidencial de Dilma. "Pode escrever e anotar: não tem volta. Quem quer que ganhe as eleições está comprometido. Nenhum doutor vai poder fazer menos do que eu fiz. Eu sei quem vai fazer muito mais, quem tem competência e no momento certo vou dizer para vocês".


A notícia completa está no site da UOL

9 de dezembro de 2009

Câmara "empurra com a barriga" Projeto Ficha Limpa

Hoje houve uma manifestação na Câmara dos Deputados em defesa do Projeto Ficha Limpa – trata-se do PLP 518/09 que impede o registro das candidaturas de condenados em primeira ou única instância ou com denúncia recebida por um tribunal em virtude de crimes de desvio de verbas públicas, homicídio, estupro, racismo e tráfico de drogas, com 1 milhão e 300 mil assinaturas conseguidas pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) – e de outras 13 propostas contra a corrupção que estão prontas para análise do plenário;


A manifestação ocorreu no Dia Mundial de Combate à Corrupção e, além do MCCE, teve a participação de entidades como a Associação dos Magistrados do Brasil, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação dos Juízes Federais e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral;


A Câmara adiou para 2010 a votação do projeto, mas o MCCE entregou nesta quarta-feira ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), mais 200 mil assinaturas em apoio ao projeto popular que estabelece a "ficha limpa" para os candidatos, totalizando 1 milhão e 500 mil pessoas apoiando o projeto. Integrantes do movimento lamentaram o adiamento uma vez que defendiam mudanças nas regras eleitorais já na disputa de 2010;


O 1º vice-presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), declarou que vai contribuir para o debate do projeto da ficha limpa, mas disse que será difícil colocar o assunto na pauta deste ano, pois os trabalhos legislativos estão no fim e há temas complexos em discussão, como o marco regulatório do pré-sal e o Orçamento de 2010;


Vê-se, portanto, que não há o menor interesse por parte dos ilustríssimos deputados em colocar em pauta um projeto que, se aprovado, certamente impedira que boa parte deles possa tentar a reeleição no ano que vem. Apostam, certamente, no esquecimento de um milhão e meio de eleitores, não votando o projeto para surtir efeitos já na próxima eleição e sim nas eleições municipais de 2012. Cabe a nós, à Associação dos Magistrados do Brasil, à OAB, à Associação dos Juízes Federais e ao MCCE mantermos a luta para que o PLP 518/09 seja imediatamente discutido, votado e, principalmente, aprovado.

5 de dezembro de 2009

Ninguém é culpado de nada no Brasil

Excelente artigo de Ruth de Aquino é publicado na revista "Época" desta semana com o título desta postagem. Nele, Ruth de Aquino comenta os últimos fatos relativos ao mensalão dos panetones e afirma: "Os homens públicos de hoje espalham propina pelos bolsos e pelo corpo, no suor das nádegas ou dos pés. Mais vergonhosa ainda é a certeza que eles têm da impunidade". Ela diz mais: "Já não existem bolsos nem sacolas suficientes para carregar dinheiro no alto escalão do governo em Brasília. Evaporaram os espaços para qualquer receio ou pudor";


Ruth de Aquino também destaca: "De tanto viver num país em que o presidente da República não sabe de nada e passa a mão na cabeça de ministros demitidos por corrupção. De tanto aprender que aqui ninguém é culpado pelo que pensa ou faz. De tanto ver personagens caídos em desgraça que, meses ou anos depois, retornam com pompas, paetês e panetones. De tanto testemunhar que corregedores, oligarcas, congressistas do alto e baixo cleros, presidentes de Conselho de Ética, ativistas de ONGs, comandantes do MST, prefeitos, governadores, chefes do aparato sindicalista são acusados de atos secretos, malversação, desvio, abuso, nepotismo, criação de cargos e, no fim, inocentados...";


Para ela, as CPIs são fachadas para alimentar o circo, render manchetes, provocar a ilusão de providências. O ex-corregedor da Câmara Edmar Moreira continua politicando. Ruth lembra ainda: "O imortal José Sarney, cuja renúncia do comando do Senado foi prevista tantas vezes neste ano de escândalos, permanece o mais incensado parceiro do presidente da República. Mas foi chamado de “grileiro e ladrão” por Lula, o filho do Brasil, em tempos combativos fora do Palácio do Planalto. E agora Arruda dá risada... Mais vergonhoso que a propina é a certeza que ele tem da impunidade";


Ruth de Aquino ressalta ainda: "Nem os vídeos falam mais por si. Um dia depois de fazer pouco das imagens, Lula resolveu endurecer. Considerou “deplorável” a corrupção exibida. O PT exigiu impeachment do governador. Com que moral um partido que abafou um mensalão pode exigir impedimento? Todo mundo faz. Esse é o mantra de Brasília que torna qualquer investigação uma pantomima. Lembram-se dos 432 apartamentos funcionais que sofreriam reformas de até R$ 150 milhões? Lembram-se do auxílio-moradia embolsado indevidamente até por Sarney “sem saber”? Lembram-se da verba indenizatória mensal de R$ 15 mil – uma grana extra dos deputados, que haviam prometido prestar contas à população? Lembram-se dos R$ 8,6 milhões em contas de celulares do Senado pagas com nosso dinheiro no ano passado? O que aconteceu com as promessas de moralização de gastos do Senado e da Câmara?";


E ela conclui: "Os maços de dinheiro são atochados dentro da cueca apertada pela barriga, dentro da meia no sapato social, distribuídos por bolsos externos e internos sem a menor cerimônia. As imagens têm o efeito de uma campanha de 'deseducação em massa'. Se, no governo, todo mundo faz e se sente inocente, não importa o partido político, o povão olha e pensa: por que não eu? Houve quem temesse, após os vídeos, por uma campanha eleitoral enlameada no próximo ano. Que nada. Se depender dos partidos, será limpa como nunca. Sob todos os telhados de vidro, só quem corre risco de se ferir é o eleitor".