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25 de novembro de 2009

O povo a serviço de uma família

Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula, viajou de São Paulo a Brasília de carona num avião da FAB (Força Aérea Brasileira) em 9 de outubro, acompanhado de 15 acompanhantes. Eles teriam de gastar no mínimo R$ 15.098, ao todo, para fazer o mesmo trajeto caso tivessem viajado de primeira classe pela TAM, e na Gol, pagariam R$ 7.658 na classe econômica. Lulinha e seus amigos viajaram com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na aeronave oficial conhecida como Sucatinha, um Boeing 737;


O mais interessante é que avião, ocupado por militares, estava prestes a pousar em Brasília em cerca de 10 minutos quando teve de retornar a São Paulo para buscar Meirelles - que solicitou a aeronave -, um assessor dele, além de Lulinha e seus convidados. Meirelles disse que só no embarque soube que Lulinha e mais 15 pessoas viajariam com ele. O Sucatinha, que havia iniciado a viagem em Gavião Peixoto (SP), pousou em Guarulhos às 19 horas e foi reabastecido;


Uma nova ordem ao comandante informou que os passageiros embarcariam no aeroporto de Congonhas. Para que o avião ficasse mais leve e novamente obter condições de pouso, foi necessário queimar cerca de 3.000 kg de querosene sobrevoando São Paulo até descer em Congonhas, às 21h30. A nova decolagem só ocorreu às 23 horas e a chegada a Brasília, uma hora e 40 minutos depois. Os custos do retorno de Brasília para São Paulo, o sobrevôo e o combustível queimado não estão incluídos nos valores das passagens da TAM e da GOL;


Como era de se esperar, líderes da oposição cobraram ontem do Governo e do presidente Lula explicações sobre o uso de um avião da FAB. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que aguarda do Governo um desmentido sobre a denúncia, pois disse não acreditar que seja algo próprio de acontecer numa democracia. “Estou esperando um desmentido enérgico. Isso acontecia no Haiti do (ditador) Baby Doc. Não numa democracia madura como a gente imagina que seja a brasileira”.


A Presidência da República reafirmou ontem que os passageiros foram convidados pelo presidente Lula e que não divulgará a lista dos nomes. E disse que o avião já estava em Congonhas, não retornou de Brasília e/ou de Guarulhos. Estranha foi a nota assinada pela Secretaria de Imprensa da Presidência, que reafirmou: "Os passageiros que embarcaram com o presidente do Banco Central em Congonhas foram convidados pelo presidente. O presidente da República pode convidar pessoas para se encontrar com ele e oferecer transporte pelas aeronaves que servem à Presidência. Para isso, recomenda que sempre sejam aproveitados voos de deslocamentos já previstos para transporte de autoridades do governo";


O líder do PSDB lamentou que no Brasil tenha se criado o mito de que ninguém pode criticar atitudes de um presidente que tem 80% de popularidade porque corre-se o risco de perder a eleição. “Estou pronto para perder a eleição, porque não dá para achar normal o filho do rei mandar o avião voltar. Está se criando um clima em que o pecado mais fundamental é alguém dizer qualquer coisa que contrarie a orientação fundamental que vem do Palácio porque o presidente tem 80%”, disse Virgílio;


Seguindo a mesma linha adotada por Lula, em 2005, quando justificou o Mensalão dizendo que se tratava de uma prática que sempre fora utilizada no Brasil, agora foi a vez do líder do PT na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (SP), que para justificar a mordomia de Lulinha e seus amigos, chegou ao ponto de lembrar que uma filha de Fernando Henrique teve um emprego no Senado. Tipo de justificativa de petista de porta de botequim. Na realidade, ao contrário das antigas Casas da Banha, cujo slogan era “Uma família a serviço do povo”, hoje, com Lula, o que existe é “O povo a serviço de uma família”.

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